Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia.
(Mateus, 5:7.)
(Mateus, 5:7.)
A Misericórdia é a porta de acesso à pedagogia de Deus. A pedagogia de Deus é o Amor. Deus usa o tempo, e não a violência, para corrigir todos os erros do mundo e das suas criaturas. Navegando nessas premissas, alicerçamos a compreensão do ensinamento do Cristo em torno da felicidade que desfrutam os que são Misericordiosos.
Garimpando o Antigo Testamento, que relata a saga do povo de Israel, encontramos várias narrativas pérolas, em torno do Perdão, da Culpa, do Arrependimento, e de que forma a Misericórdia Divina se manifesta, desde o Gênesis ao último livro do profeta Malaquias.
É relevante a contribuição do Judaísmo nesse sentido, a exemplo do Yom Kippur – Dia do Perdão. Trata-se da mais importante celebração do Calendário Judaico, que exalta a importância do perdão ao próximo pelo mal cometido; a Deus, pelos pecados contra o Todo Poderoso. Celebrada com jejuns e orações e uma série de normas de conduta e de símbolos próprios daquela cultura, o propósito da celebração é promover o Teshuvá, ou seja, a consciência do erro e o retorno à Graça de Deus, através da introspecção, da análise de si mesmo, aumentando o nível de consciência e do arrependimento.
Há uma narrativa Bíblica muito ilustrativa, na qual a Misericórdia Divina é evidenciada. Trata-se da Destruição de Nínive, a grande cidade denunciada pelos seus pecados. Coube ao Profeta Jonas, incumbido por Deus para anunciar a destruição da Cidade em 40 dias (Jonas 3:4). Ocorre que, após sua pregação, os Ninivitas voltaram atrás de seus caminhos perversos, foi quando operou o Milagre do Arrependimento e fizeram penitências, converteram-se, apenas com uma pregação do Profeta Jonas. Deus viu o que eles fizeram e, compadecido, desistiu da destruição. Evidenciamos que Deus perdoa quando existe sincero arrependimento, conforme testemunho das vozes proféticas.
Das profundezas a ti clamo, ó SENHOR.
2 Senhor, escuta a minha voz; sejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas.
3 Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?
4 Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.
No Salmo 23, um dos mais conhecidos e populares, um verdadeiro Blockbuster: “Iahweh é meu Pastor, nada me faltará. Em verdes pastagens me faz repousar”. Metáfora agropastoril, característica dos Salmos, apresenta o homem vitorioso, protegido pelo Pastor, que permite cear a vista dos inimigos. O protegido é conduzido por Deus carinhosamente e o faz vencer neste mundo.
Adentrando ao pensamento Espírita, Allan Kardec desenvolve uma profunda reflexão em torno da Bem Aventurança, que enfoca os Misericordiosos, conforme o Livro Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo X – 1 a 4, fazendo um link com o pensamento de Jesus, nas seguintes passagens evangélicas:
“Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; – mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados”. (Mateus, 6: 14 e 15.)
Complementa o Codificador numa lúcida e admirável abordagem sobre a misericórdia.
“A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza”.
Divaldo Franco, médium e tribuno Espírita, embaixador da Paz, título outorgado pela ONU, orienta-nos que o Perdão é um importante passo para evolução do Ser, pois o Perdão é treinamento. Perdoar não significa esquecer, mas sim não querer revidar. Não é ser conivente com o erro e, a depender das circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever.
Negar perdão a si mesmo ou a outrem é como manter uma âncora que lhe prende a uma pessoa, a um lugar ou a uma situação. Nenhum barco consegue navegar se permanece ancorado.