Enquanto a música, ecoando ao longe de uma caixinha de som, dava o ritmo suave e pássaros assanhavam em algazarra festiva os galhos das á...

Cenas da veloz tarde

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Enquanto a música, ecoando ao longe de uma caixinha de som, dava o ritmo suave e pássaros assanhavam em algazarra festiva os galhos das árvores na praça; em fim de tarde o mar cheio sacudia batidas de tambores como rajadas de fogos de artifício e a cidade se iluminava de escuro em pequenos pontos piscantes. No horizonte, fronteira dos sonhadores e limite dos terraplantados, a chuva cerrava fileiras para banhar a noite que chegava. "No dia em que fui mais feliz" no rádio do carro, mais um lembrete da efêmera vida, que é preciso construir felicidades.

A cidade lá fora corria em vários tons do final de dia. Prédios, concretos e imaginários, se punham ao lado em vultos acelerados pela janela. Instantes antes, era moldura de mar/terra diluída em feixes dourados do final da tarde. Agora passava veloz pelo retrovisor com os feixes dos faróis que rompiam céleres em busca de chegar ao inalcançável, pois a felicidade estava ali e não adiante.

E cada pessoa guardada em jarros cuidadosamente preparados para permitir que as raízes crescessem e se espalhassem em outras plantas, ramos, rimas, flores e amores. Adubadas pela maresia e pelos ventos, pelos olhos, cheiros e peles, guardiães no plantio inicial de vasilhames transitórios antes de irem morar em para corações maiores.

É a cidade em tarde de inverno sem chuva, amenos, ideiais, passageiros. E a felicidade quase palpável numa construção de instantes incontroláveis, feito as músicas do "rapaz latino americano" que traz "um beijo sob a dobra de um blusão", bondoso nas composições montadas feito os presentes trazidos pelo rei da antiguidade e seus amigos ao lado da manjedoura.

As notas bem passadas promovem viagens transitórias e ao mesmo tempo permanentes. Da avenida que vê mar à rua escura que cheira mata dependurada em relevo acidentado do Cabo Branco, das figuras sorridentes às sombras paradas à espera de condução que as transportem para outras dimensões mais reais para si mesmas, através de janelas entreabertas, sem ponto final.

As rodas paralelas avançam em tapete negro de piche e de noite. A mente gira em outra rota, aproveita cada gota. Agora chove por entre o teto de folhas refletidas por pontos de luz e a noite abraçou esse lado do mundo e trouxe novidades na taça de vinho junto a um beijo. Do outro lado, já é tarde veloz a galopar o relógio marcando outras cidades.

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  1. Adorei ...para variar!! suas descrições quotidianas são eloquentes!!
    Parabéns Clóvis Roberto👏👏👏👏👏👏
    Paulo Roberto Rocha

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