Que força poderosa que tão pouco se conhece tem o nosso pensamento! Discorremos sobre o alcance e os rumos que ele toma nos caminhos do ol...

As plantas riem e ouvem

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Que força poderosa que tão pouco se conhece tem o nosso pensamento! Discorremos sobre o alcance e os rumos que ele toma nos caminhos do olhar, um prodígio fabuloso. Impossível calcular quanto já se produziu, sem limite e sem fronteira, sob o viço do intelecto.

Se a energia é palpável, matéria condensada, e o nosso pensamento uma via magnética, como atesta a ciência, imagine a densidade desta rede que se tece mentalmente nos bilhões de humanos que aqui vivem.
E ainda é bem maior, segundo Chico informa, por Emmanuel em “Roteiro”, a nação que constitui a esfera espiritual desta casa planetária que se alterna sem cessar, de uma dimensão a outra.

Não sou muito de usar os tais fones de ouvido. Algo um tanto pessoal. Percebo que me isolo ao fazer de minha escuta um conduto egoísta. Mas incrível é a pureza do que soa ao requinte do moderno acessório. E assim tapei ouvidos na manhã incandescente.

Regava os canteiros escutando um concerto bem propício ao instante. Em sublime regozijo comecei a desejar que a planta apreciasse o que a música suscitava no âmago de um eu que não era nem mais meu. É que o fruto da emoção produzida pela arte ultrapassa os limites conscientes do existir, arrebata-nos aos píncaros de um estado indecifrável que rotulam de “nirvana”. Era isso que eu queria dividir com aqueles seres, que se expressam pelo riso de uma folha ou de uma flor, mas o fone bloqueava.

Foi então que recordei que através do pensamento poderia muito bem conversar com o jardim. Sobretudo percebendo como estavam sendo gratas aquelas criaturas que eu molhava com amor. Não apenas refrescadas pela água que espargia, mas também pela ternura que de mim elas sorviam.

E a música eclodiu! Dos ouvidos destampou-se invadindo tudo em volta, por dentro e por fora como aura incandescente, derramou-se liquefeita transcendendo o que vegeta ao reino que animou.

Era a força do pensar que trazia lucidez ao suposto inconsciente. Uma prova incontestável que além do que a ciência já provou sobre energia produzida pela mente, falta muito o que saber. Haverá de descobrir como a rega musicada foi capaz de dar ouvidos a um reino que vegeta, tem raiz e brota em flor.

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  1. Essa crónica lembra muito a sensibilidade de seu Pai, o querido Cronista de Tambaú. Que no mundo surjam mais loucos e poetas que têm a convicção de que as flores e os jardins ouvem e sorriem. Parabéns, Germano!

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