Era uma referência no canto da pracinha recentemente construída. Engraçado que flagrantemente seca, já morta, ainda era majestosa como deveria ter sido quando muitas folhas em tantos galhos. Deve ter abrigado muitos ninhos, servido de casa para centenas de soldadinhos, certamente foi frondosa, de muito verde, ainda mais pela posição de destaque.
Ultimamente era um misto de tons vários de cinza. Enigmaticamente, ela ainda apresentava uma rara beleza. Os verdejantes tons sumiram há um bom tempo. Ainda assim aquela estrutura elevada de galhos secos atirados para os quatro cantos do céu, contrastada pelos raios do nascer e do pôr do sol, pelas flechas prateadas do luar, emanavam beleza e mistério.
Ultimamente era um misto de tons vários de cinza. Enigmaticamente, ela ainda apresentava uma rara beleza. Os verdejantes tons sumiram há um bom tempo. Ainda assim aquela estrutura elevada de galhos secos atirados para os quatro cantos do céu, contrastada pelos raios do nascer e do pôr do sol, pelas flechas prateadas do luar, emanavam beleza e mistério.
A árvore, que certamente serviu de moradia para diversos ninhos, foi abrigo de centenas de soldadinhos, ostentava a visita de borboletas ao seu redor, foi-se consumindo em um apagamento natural. Do cinza, os galhos menores foram-se esfarelando com a força do vento. O tronco fragilizava-se a cada dia, ameaçava os arredores.
Pó retornando ao pó. Vida que aduba a terra para novas vidas, microvidas, multividas. Vários viventes cuja decomposição repetem o ciclo, alimentam outras vidas.
E, então, diante ameaça de queda a árvore é removida. Em motoserra torna-se um monte de madeira que jazz na calçada. A imponente altura transformada em semi-troncos, meio tontos. Só quem a viu em vida, mesmo que seca e morta, sabe o que ela representou. Seus galhos compunham telas durante o dia, eram fotografias noturnas em preto e branco.
No lugar, o oco vazio ocupou o espaço. Triste o lugar plantado com o nada após o recolhimento da árvore à inexsistência. Que se plante esperança com nova muda no lugar onde um dia houve uma árvore.