Desjejum café sem pão, café sem pão é bandeira e a poesia: cheios de cafeína - às vezes, o vício não está onde a gente pensa...

Café sem pão

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Desjejum
café sem pão, café sem pão é bandeira e a poesia: cheios de cafeína - às vezes, o vício não está onde a gente pensa mas no poema que a gente não lê
Brasil
os pivetes arrotam a miséria nas esquinas marginais pedem esmolas e fingem suplicar nossos olhares enquanto brincam de independência os pivetes são atores que encenam sua comédia num país dramático
Gênesis
deus criou a família no sétimo dia e descansou - estava cansado dos gritos da mãe e do choro dos irmãos.
Abismo
você foge de mim (não como o diabo da cruz) - enquanto cultiva pétalas de ferrugem na alma.
Ciclo
não é só querer você por todos os janeiros cultivando mitos folha a folha em seu pomar de atritos não é só buscar fevereiro definindo ritmos passo a passo na alegoria: triste arlequim não, não é só procurar águas em março submergindo mares e rios na felicidade de um naufrá (cio) muito menos abrir portas destravar cadeados chave a chave no quarto mês de nossa prisão sei que é um pouco mais um pouco maio um pouco mouros perdidos na primavera sei que quero junho quero junto quero jung nada de freud a explicar minha devoção junina (silêncio em julho) melhor sorrir a ausência de sorrisos melhor contar um segredo a juliana não estou bem certo é se rejeitaria a sina de imperador : agosto ao gosto agostinista rituais nada agnósticos – agnus dei dai-me um cântico para não rezar sei que sinto o bafo de vulcões em setembro a sete léguas de distância do meu próprio império como se fora sete pastores em busca de sete línguas e duas irmãs outro mês já se inicia, sim já já anuncio outubro outrora buscava ruínas hoje cavo minas para suar poemas que não vão lhe conquistar novenas de meus encantos novembro e seus prantos novelos que se enroscam metonímias da minha linguagem não quero só a parte que me cabe no seu todo (dezembro é o ano inteiro onde cabem todos os janeiros de mim em mim).
Ponto de Cem Réis
no centro do mundo da paraíba umbigo da geografia paraíba ali, no imenso ponto vazio tudo que é alma, paraíba de estio poetas ainda circulam precipícios no pátio extenso que esconde agasturas ali, vi políbio Alves arrotando o varadouro no cafezinho em que gonzaga faz seu cronicário ali, reginaldo e sua banca trazem as boas, que as más vinham da língua de mocidade de olho no relógio da dezoito dezessete de olho na pregão do vendedor (em falsete) de olho no paletó branco de caixa d´água e da noite que abruma traficantes até o sol chegar e bater no teu olhar, paraíba até a graxa do menino limpar teus sapatos, paraíba no décimo oitavo andar alumiar outros clarões e pagar com cem réis o preço de teu amor, paraíba.
Bica
(Para Vinícius Guedes)
jacarés em silêncio ruminando o bote na natureza humana leões na jaula - presas da civilização araras em voo para o nada : gaiolas de ilusão macacos em saltos graciosos (bananas ao homem) (no passeio, palmas para os acuados animais que não assustam nem as criancinhas).

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