MANUAL DE QUESTÕES ELEMENTARES SOBRE ENGENHARIA DOMÉSTICA   O que de perene resta da rupestre arte de equivocar-se? Seria f...

Luz apagada

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MANUAL DE QUESTÕES ELEMENTARES SOBRE ENGENHARIA DOMÉSTICA
 
O que de perene resta da rupestre arte de equivocar-se?
Seria flagelo o silêncio  ou equívoco de enganar-se? Morre-se por tentar ou ignora-se para salvar? Pode ser a morada mórbida  como um claustro? Abrir a porta — metáfora  ou ato de desespero? Seria a paixão fonte de saudade e motivo de erro? O mínimo é indispensável ou vale mais o exagero?  O que se atira para fora  é sobra ou esperança? Na sanha dos corpos escreve-se uma aliança? Luz apagada desperta quem sonha? Os cabelos resgatam        ou seriam amarras do desejo? Romper a fronteira da paz ou blefar com um beijo? Rotina é fastio ou receio? Existe roteiro que se persiga que afaste a briga? O remorso do hoje desfaz a bruma de ontem? Cavam-se trincheiras e  planta-se a vingança? O nó desata no mar de lama? Cabe manual em meio aos lençóis na cama?
MANUAL DA NOBRE ARTE DO DESENCANTO
Há prazer nas escaras do desencantado? Sentimento de mártir: cravar estacas  e chamá-las        : realidade.
MANUAL DA “PETITE MORT” COMO REFÚGIO
A morte se dissociava de meus desejos, o conforto era de uma sutileza retinta. Minhas costas arranhavam suas mãos e davam título à jornada da vida. Outro lugar em qualquer tarde era a luz e o encontro com seus dentes. Das vezes em que ensaiei vibrar suas coxas errei o caminho, me desencontrei. Fui precoce nos atalhos, não descansei em suas cicatrizes. Me desgarrei, apenas me choquei em seu dorso. (Os nomes que gritamos disfarçam nossa estupidez.) Rumo – cabresto da soberba no torvelinho das curvas. Melhor perder-se no acaso da embriaguez, Ato de rebeldia, no Templo de nós dois. Leito de sangue, essa tinta e seus nomes nos lençóis esquecidos. Beber nos seus seios o que encontrasse, pornografia de iludidos, saliva e sonolência no minúsculo espaço das raízes emaranhadas de nossos corpos.

Poemas do livro Manual para Estilhaçar Vidraças ■ Jorge Elias Neto Editora Cousa, 2021
"Jorge Elias revela o obscuro e o colorido do ser humano, transportando o leitor para além de si mesmo. Para que isso aconteça, o autor opera com vários recursos: aliterações, rimas cruzadas, polifonia, cortes abruptos, interrupções e, principalmente, condensações". Disponível em cousa.minestore.com.br


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  1. Parabéns Jorge Elias Neto belos poemas!!!
    Parabéns também ao nosso amigo "Editor" Germano Romero👏👏👏👏👏
    Paulo Roberto Rocha

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