Até os anos setenta Tambaú não era ainda o que se pode chamar de uma praia urbana. Configurava-se, principalmente, como um espaço de lazer, para se usufruir o seu mar tranquilo, considerado excelente para o banho. Poucas pessoas faziam do bairro a sua moradia. Os mais abastados possuíam domicilio na cidade e uma casa de veraneio em Tambaú.
Seu aspecto paisagístico preservava a inexistência de edifícios. O casario era o de uma praia típica de uso exclusivamente no verão. Com a preocupação de garantir essa característica, o Governador João Agripino propôs, e conseguiu aprovação pela Assembleia Legislativa,
Todo mundo tinha vontade de desfrutar dos prazeres de passar um veraneio em Tambaú. Chegava a ser chique veranear. Embarcando nessa vontade natural de quem morava em bairros naquela época, distantes da área litorânea, meus pais, talvez até pressionados pelos filhos, resolveram alugar uma casa na principal praia de nossa Capital. Passamos a morar na casa de número 522, da Avenida Antônio Lira. Foi uma experiência tão positiva que estimulou a aquisição, dois anos mais tarde, de uma residência, na mesma rua, onde passamos a residir de forma definitiva.
Eu fui quem menos aproveitou esse lazer da praia. Trabalhando durante o dia todo e estudando a noite, praticamente não dispunha de tempo para gozar das delícias de viver os prazeres que a orla marítima oferecia. Até porque nunca fui um amante do mar. Minha convivência com a praia sempre se restringiu à frequência dos bares, restaurantes e boates, que começavam a proliferar em Tambaú ou dos passeios pela calçadinha.
O verão de 1970 foi o nosso batismo como moradores da orla marítima. A partir daquele ano, a família inteira, entendeu que era chegada a hora de sairmos de Jaguaribe em busca dos ares litorâneos de Tambaú.