Perceptível pequeno mundo gigante onde muitas vezes ignoramos sua existência. Passamos ao seu lado, por cima dele, inacreditavelmente nem ...

Mundo em miniatura

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Perceptível pequeno mundo gigante onde muitas vezes ignoramos sua existência. Passamos ao seu lado, por cima dele, inacreditavelmente nem reparamos sua grandeza e beleza. E perdemos a oportunidades de conhecer mais o nosso próprio habitat, de encontrarmos um pouco de poesia, de descobrirmos que somos grandíssimas miniaturas. Ali, tão perto, atingível, tocável, penetrável...

Tão belas miniflores esquecidas entre pequenas ervas, brotadas quase invisíveis, em canteiros de jardins públicos, em terrenos baldios, nos recantos de estradas. Em tons brancos, amarelos, arroxeados, com pinceladas negras, cheias de detalhes mágicos. Seres surgidos de um mundo que será ignorado durante a existência pela grande maioria de nós, humanos.

Pequenas ervas como a plantinha que se fecha ao mínimo toque, a minosa pudica, ou dormideira, cujas folhinhas abraçam a si mesmas quando em contato com algo.

E os bichinhos. Das pequenas borboletas de asas brancas e laranjas com tons amarronzados, aos exércitos de soldadinhos em formato singular com duas listras brancas no topo das asinhas, parecendo que todos já foram promovidos a cabo da tropa, num aquartelamento harmonioso.

Pelo chão, marcham outros batalhões. Formigas a moverem-se num esforço concentrado para estocar folhas em seus formigueiros e qualquer coisinha útil. Mundos inteiros subterrâneos. Vermelhas, presas afiadas, irrefreáveis, correm em bando contra o relógio imaginário da vida, pois antecipam os tempos chuvosos, sem se importarem com a cantoria das cigarras, destinada a estourar ao executar a última nota.

Ser incrível é o vaga-lume, ou pirilampo, detentor de luz própria, portador da bateria infindável, cuja matiz energética é ignorada nas cidades de tantos artifícios de luzes. Que brilhe nos campos, nas noites sem lua.

Fantástico como as libélulas e suas primas donzelinhas. Para mim, um nome próximo: zigue-zigue. Pequenos insetos voadores, parentes dos helicópteros. Possuem as cabeças como se fossem cravejadas de pedras preciosas esverdeadas e azuladas brilhantes, em deslocamentos e paradas rápidas e precisas, enquanto caçam suas presas, outros insetos de porte ainda menor.

E por falar em joias, nada como as joaninhas com suas carapaças redondas em tom vermelho, pintadas perfeitamente com bolotinhas negras. Pingos de seres que parecem não se importar com a camuflagem.

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Clóvis Roberto
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Clóvis Roberto
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Clóvis Roberto

Sim, não há como esquecer da esperança. Verdinhas como folhas que se confundem em meio às plantas, promessa de tempos bons quando encontradas dentro das casas. O que faz? Suavemente pegá-la com a mão e levá-la para fora, para que retorne ao seu lar, à natureza.

Seres encantados e encantadores. Para enxergá-los em sua mais profunda essência se faz necessário o curioso olhar do menino, misto de explorador/pesquisador dos jovens, dos matos, do ar livre. Se ainda os enxerga após adulto, é que reencontra sempre a si mesmo como criança.

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