Repentinamente o planeta silenciou, obrigado por uma pandemia que impôs medo à humanidade. No isolamento social a que estamos obrigados vivenciar, passamos a questionar o que esse silêncio traz escondido na sua manifestação. A sociedade contemporânea está sendo convocada a fazer uma autoavaliação comportamental. O ser humano sendo despertado para a necessidade de olhar para si mesmo, identificando o lado “sombra” de sua personalidade. O coronavírus tem enviado mensagens que precisam ser ouvidas por todos nós. Daí a essencialidade de nos fecharmos em casa, segregados em família, para exercitarmos a reforma íntima.
Uma resolução independente de nossa própria vontade, determinada compulsoriamente pelo vírus ameaçador.
No silêncio das ruas escutamos a voz de Deus exigindo que nos libertemos de nossas imperfeições, que têm trazido consequências danosas para a natureza. Os compulsórios dias de recolhimento aos nossos lares, fazem com que a natureza comece a agradecer. A poluição diminui. O ar fica mais limpo com a redução da emissão de gases que contribuem para as mudanças climáticas. O meio ambiente experimenta um alívio temporário. A ação destrutiva e invasora do ser humano contra a natureza, que tem concorrido para a destruição recorrente do planeta, paralisa. Essa é a primeira lição que o silêncio da quarentena nos intima a enxergar. Reconsideremos nosso papel como seres pertencentes à natureza. Tenhamos bom senso ecológico.
A segunda é compreendermos a urgência de evoluirmos para uma sociedade mais consciente e menos egoísta. O organismo humano foi pego de surpresa e está se mostrando incapaz de enfrentar eficazmente esse vírus. Estamos então sendo alertados para a nossa fragilidade como espécie, desdenhada por muitos que se julgam competentes para encarar todo e qualquer problema. Esquecem que há um Deus que tem o controle de tudo. E só Ele é onipotente. O coronavírus pôs em xeque os conceitos de limites geográficos, advertindo-nos que somos uma comunidade global. Seu ataque não escolhe as nações que deva atingir, sejam elas ricas ou pobres. Não distingue os indivíduos conforme sua condição social, cultural ou econômica. Chama a atenção para a evidência de que somos todos iguais.
Sabemos que muitas vezes somos compelidos a aprender com a dor. É o que essa pandemia quer nos ensinar, forçando-nos a praticar o silêncio como sendo um grito de admoestação para os males que estamos causando a nós mesmos. A quietude momentânea nos levando a refletir sobre nossas responsabilidades enquanto seres sociais. A doença nos passando um recado através do silêncio e do medo. Convencermo-nos de que não devemos continuar agindo sob as influências de sentimentos nocivos como a ganância, a inveja, a intolerância. Quando tudo isso passar, sejamos mais solidários, mais responsáveis no zelo com a natureza, valorizando a paz entre os homens, sem competições desiguais. Que este silêncio purifique corações, respeitando os princípios de fraternidade. Seja compreendido efetivamente, em que pese toda aflição que está nos machucando, como uma mensagem instrutiva. Esse “atencioso silêncio” é a maneira mais racional para que possamos ganhar a guerra contra esse inimigo invisível.