O momento que vivemos no país me levou ao Minory Report, que Spielberg lançou em 2002. O brasileiro Miguel Angelo Laporta Nicoelis, que foi o primeiro cientista a receber, no mesmo ano, dois prêmios dos Institutos Nacionais de Saúde estadunidenses, o primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da revista Science, e que lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência na Universidade Duke, Durham (Estados Unidos), disse, ante os mais de 350 mil mortos pela covid 19 no Brasil, que “podemos chegar a 500 mil na metade do ano”.
Minority Report:
“No ano de 2054, há um sistema que permite que crimes sejam previstos com precisão, o que faz com que a taxa de assassinatos caia para zero”.
Nicolelis fala, portanto, como um dos três chamados Precogs, que "previsualizam" crimes , recebendo visões do futuro, uma delas, a de que Anderton (Tom Cruise) vai assassinar um homem chamado Leo Crow – que ele sequer conhece - em 36 horas.
Isso me remete, por sua vez, ao “Édipo Rei”, de Sófocles, em que o oráculo de Delfos prediz que ele matará o pai e se casará com a mãe, o que significa que – em 429 a.C e no ano 2054 – continuamos com o velho problema envolvendo Liberdade e Determinismo.
Anderton, no entanto, fica sabendo que um dos Precogs tem uma visão diferente dos outros dois, um "relatório minoritário" - o Minority Report do título - de um possível futuro alternativo.
A vida imita a arte:
Alessandro Vieira, Jorge Kajuru e outros senadores cobram de Rodrigo Pacheco – presidente do Senado - a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) , destinada a investigar as ações do governo no combate à pandemia de coronavírus.
Mas…
Pacheco – que deve o cargo a Bolsonaro - reiterou que o momento atual não favoreceria a abertura da comissão parlamentar de inquérito e que aguardaria a posição do STF sobre o pedido apresentado à Corte pelos senadores. E é informado pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) sobre decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que determinou a instalação da CPI.
Falei em Édipo, em Precog, em Nicolelis, no STF, no Pacheco. Leiam isto:
Mateus 13, 13-15:
- Por essa razão eu lhes falo por parábolas:
"Porque vendo, eles não veem
e, ouvindo, não ouvem
nem entendem”.
Neles se cumpre a profecia de Isaías:
"Ainda que estejam sempre ouvindo,
vocês nunca entenderão;
ainda que estejam sempre vendo,
jamais perceberão.
Pois o coração deste povo
se tornou insensível;
de má vontade
ouviram com os seus ouvidos,
e fecharam os seus olhos.
Se assim não fosse,
poderiam ver com os olhos,
ouvir com os ouvidos,
entender com o coração
e converter-se,
e eu os curaria”...