Tarde em Tambaú
Restos de nuvens
São bailados de andorinhas.
Não me comoveu
A morte daquela noite.
O galo cantou
Relógio de meu pai.
Na parede, inerte,
Fala-me de todas as horas.
Praia do Jacaré:
O sol cansado, deitou-se
E adormeceu nos braços-de-mar.
Vestido molhado
Colado nas coxas:
Rio perene
Quem tem boca
Vá à fome
Do grito que o consome.
Estalactites.
Lágrimas da terra
quando chora por dentro.
Pássaros se recolhem.
Bois sentados
mastigam a tarde morta.
A Amazônia freme
esvaindo em líquido
seu sangue branco.
Na colheita de laranjas
mulheres lentamente
colhem a tarde bem madura.
Copa do Mundo:
o coração perde a forma
quando em bola se transforma.
Chuva passando
tarde escurecendo...
É tempo de tanajura!
Frondoso tamarindo.
Em seu lugar vazio
verdes lembranças.
No céu, quantos trovões!!
Gozos espalhafatosos
das nuvens quando cruzam.
Noite de primavera.
Um fruto caiu no lago
e amassou a lua.
Fogão de lenha
carne seca, pão assado
e a brancura de Júlia.
Baleias dançam de saias
franjas de espuma, alfaias
e sem nenhum balear.
Sob o sol poente
engolindo as suas sombras:
camponeses retornam.
Cai a tarde em Tambaú.
Restos de nuvens
são bailados de andorinhas.
Pintassilgo no terraço
cantando ao amanhecer.
Meu relógio de parede.
Um gato dorme
sobre a balança:
sono pesado.
A moça nubente
resolvida, despe-se:
mais um sim
À tarde, no porto
Eles se amavam
E ficavam a ver navios.
Um músico sentado na praça
Soprava a noite:
O sono tocou-lhe sem dó.
Saudade dentro amolada
Corta qual bisturi:
Hemorragia interna.
A solidão dessa dor
Ainda fala o peito:
Silêncio de bronze.
abril 15, 2021
Tarde em Tambaú Restos de nuvens São bailados de andorinhas. Não me comoveu A morte daquela noite. O galo cantou Reló...
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