Embarcados “Remamos mal, ficamos quase sempre à deriva” Pois, tudo sempre é um grande risco Que se trace a rota, passe ao largo...

Mares furiosos

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Embarcados
“Remamos mal, ficamos quase sempre à deriva” Pois, tudo sempre é um grande risco Que se trace a rota, passe ao largo às calmarias Venham ventos! Inflem as velas! Soem o sino, a partida, a âncora levantada Que se contorcem em mares, que se contornem as ilhas E o cabo revolto, amante dos mares furiosos náufragos do mesmo medo, gritos do mesmo silêncio E onde ancorar? Proteção ou perdição? Meia foto
O que revela a meia foto? Talvez um ser inteiro Ou pedaços de cada pouco Revelação do mesmo retrato Reflexo, aparência, substrato Completo aceno interior Na moldura, dependurado Perdição sob ângulos (in)versos O que esconde meia foto? Filme que queima ligeiro Desfocado do quase tudo Encenações de inertes olhos Insaciável face de si próprio O choro, a fuga, o sumiço No fundo, a parede e o quadro Um perfeito esconderijo Natureza morta No tronco, um colar um abraço mortal cortaram-lhe a veia caminho da vida Nem sumo, nem seiva assassinato, a palavra árvore que seca a casca, a mortalha E ao término ser... natureza morta Domar o tempo
Ser apenas passageiro de passagem, olheiro das coisas do tempo nem domador, nem dominado apenas ser transportado Em buscas pelo mundo colecionador de novidades do passado adivinho... arqueólogo do futuro escrivão dos segundos, dos anos à margem do que agora somos O tempo não é circo, porém, vasto espetáculo nem domador, nem dominado fera do mundo, engaiolado luzes, cortinas, relógio descalibrado

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