OUSADIA Disse-me o velho marinheiro: Felicidade, para mim, é navegar, É seguir para o fim do horizonte, Na ousadia de enc...

Felicidade é navegar

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OUSADIA
Disse-me o velho marinheiro: Felicidade, para mim, é navegar, É seguir para o fim do horizonte, Na ousadia de encontrar Onde se encontram céu e mar! Disse-me o sonhador: Felicidade, para mim, É o eterno sonhar, Na ousadia de ir Aonde nascem os arco-íris E o seu tesouro encontrar! Disse o apaixonado: Felicidade, para mim, É ao meu amor me entregar, Na ousadia de tê-la em meus braços, E o seu amor conquistar. E eu, poeta, Ousei navegar do horizonte os confins, Na linha do arco-íris fui até o fim, Dei todo amor que havia em mim, Na ousadia de encontrar a mais bela poesia, E viver a felicidade, Mesmo que por um dia... ESPERANÇA
Quem és tu, anjo divino, Que, no anoitecer da vida, Trazes contigo um lume A clarear a nossa estrada? Quem és tu, delicada fada, Que, nas horas amargas, Sopras um beijo terno em nossa fronte, Fazendo-nos perceber novo horizonte? Quem és tu, ó doce ninfa, Que sobrevoas ao meu lado, Quando trilho com enfado, Colorindo essa árida estrada? Ah! Se soubesses! Como é bela a tua luz, Como é doce o teu beijo, Como é singela a tua cor! Ah! Se soubesses! Que por ti o meu verso é estuante, Que é sempre tua a minha mais doce lembrança, És apenas um sonho, uma fada, Que em meu imaginário tem o nome de Esperança! PORQUE AS ESTRELAS
Por que busco as estrelas? Nas noites de solidão as busco E esquadrinho o pálio infinito Buscando reconhecê-las todas Quais fossem velhas amigas. Conheci alguém que as contava Pensando assim possuí-las. Eu, porém, não as conto; As contemplo, com olhos de viajante. São tantas, infinitas, incontáveis, Multicores, tão distantes E ao mesmo tempo presentes, Brilhando como minúsculos faróis A iluminar a nossa jornada. São milenares,quais deuses, Quais numes no espaço distante, Observam-nos e testemunham Os dramas e conquistas da história Da Humanidade. Quando as contemplo imagino, Quantos mundos tão distantes E diferentes, temos ainda a conhecer... Que cores terão seus céus? Como serão os seus mares? Serão suas montanhas azuis? Quando as observo me perco Em longas elucubrações: Como serão suas flores? Que cores e odores terão? E a sua fauna, será também Bela e diversificada? Imagino-lhes cavalos alados, Animais que conosco falam, Pequenos companheiros a dividir Conosco as nossas dores e sonhos. Quando as miro meu pensamento viaja, Percorrendo as suas intermináveis distâncias, E imagino os habitantes desses distantes lugares. Sua aparência, seus modos,o que fazem , o que pensam? Certeza , porém eu tenho de um detalhe comum: Comum a mim, a você, ao irmão extraterreno, Morador dos mundos diversos e distantes, Por certo tão diferentes do nosso mundo Pequeno, chamado Terra, perdido também, Em uma galáxia distante. A certeza que me vem, é que em todos existem Corações que batem, corações que amam. Existem mentes que sonham. E toda vez que paro, para contemplar as estrelas, Nas noites solitárias. E levanto meus olhos ao infinito pálio azul, Pintalgado de luzes piscantes, todas de mim Tão distantes. Sinto o pulsar dos corações, Que pulsam nos outros mundos infinitos, Sinto que sonho o mesmo sonho, Dos meus irmãos estelares e também, Daqueles que comigo viajam nessa Nave mãe. E que erguem os olhos aos céus, Em busca de comunhão, de amor, De paz. Em busca de Deus. MULHERES DE MARÇO
Mulheres de março, Marcianas todas são, Seriam de outro planeta? Diferentes, especiais, Sei que todas são guerreiras, De Marte são, pois, as tais? O que têm de especial, As mulheres marcianas? Da vida são exigentes, No olhar, um brilho diferente, No peito, um coração apaixonado, Que pulsa, descompassado, No ritmo de suas batalhas. Trazem em seu Espírito, As armas da guerreira, São fortes, bravas, altaneiras. Tudo fazem de forma plena, Amam, trabalham, vivem, Em tudo se jogam de forma inteira. As marcianas são de peixes, Acho que todas são sereias, Mágicas, belas, inteligentes, Encantam a todos com seu Canto. Na verdade, o seu encanto, Está em serem verdadeiras. OUTRA VEZ
O Sol traz a manhã desejada, A chuva refloresce o campo, O ninho repleto de novos rebentos. O mar que vai e vem Ao sabor das marés, Sopra o vento, sopra... Traz de volta o barco ao cais. O tempo passa, O céu sobre nossa cabeça é um só, Vemos as mesmas estrelas, Distância é questão de perspectiva. Lá vem o tempo a passar, Lá vem o vento que soprou Lá vem de volta o amor. PARA SER AMOR
Para ser amor, Há que ter grandeza, Mas sem que perca a simplicidade. Há que haver imaginação, Sem que se esqueça da realidade. Para ser amor, Há que se ter ternura, Há que se ter o olho no olho, Há que se ter a mão na mão, Há que se deixar ouvir A música do coração. Para ser amor, Há que se haver o encontro, Há que se haver a presença, Mas, vez em quando, a partida, Porque é bom um pouco de saudade. Para ser amor, Há que haver o riso fácil, Mas, também um pouco de tristeza, Há que haver um quê de dramaticidade, Mas sem esquecer-se da leveza. Para ser amor, Há que se deixar cativar, E ao outro libertar, Há que ter histórias a contar, E ser ouvido paciente, Para ao outro escutar. Para ser amor, É preciso que haja sonho, É preciso haver poesia, É preciso que se acredite no eterno, Mesmo que esse dure apenas um dia. Para ser amor, Há que haver a intensidade E a loucura dos sedentos; Porém, que se tenha a delicadeza da flor, E que não se perca a ternura jamais. POEMA RÁPIDO
Por um pequeno instante, Entre um bater e outro Da asa da libélula, Entre o piscar de teus olhos, Eu sonhei que me amavas. Mas, passou a longa eternidade Dos segundos, E um raio de Sol incidiu sobre A realidade, E a libélula voou, Levando com ela o sonho, E, com ele, o amor.

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