Impasse
E quase não há mais como dizer do novo. Que o tempo subtrai a juventude do instante E a beleza em seu estado puro. Há coisas que esmaecem depois de serem ditas Tornam-se passadas, perdem o viço. Dizer de outra forma, quase imposição Como encarar nossos limites e mudanças. Fogo, poeira, sonho, resistência... Em luta as palavras secam na garganta Exaustas de ensaiarem o tom exato de ser E sendo apenas sombra do que ousam dizer... Libertação
Invoco a loba confinada em sombras, que não pode revelar-se À luz do dia. Que cura, liberta, pura metamorfose, mas sem definição Fora da arte. Que arte é o lugar onde tudo se encontra, onde se toca o mistério. Acolho-te de novo, ó bela conhecida, exilada de mim há muitos séculos... Vestindo tua pele, liberando o uivo tanto tempo contido. Para rever lugares que habitamos, até nos separarem Mentira e maldição. Ó minha alma, minha versão mais honesta, plena de energia! Animal de uma tão doce ternura que toca o coração dos céus E faz tremer o inferno tramado contra as mulheres. Reconheço-te cada vez mais e não me assusto. Não duvides! Vem e abriga-te como era antes. É preciso que venhas Reensinar-me a lição que me decifra inteira e me devolve a mim. Recomeço
Não encontro a mínima semelhança! Em lugar de adoração de longe, silenciosa Uma exaltada alegria quase tocando o céu. Movimento, descanso, leveza, completude. Mais claridade, alma em expansão Visitas raras a mundos insuspeitos. Pouco a pouco vou plantando um jardim primoroso Sem nostalgia, sem tensão de perdas. Colher apenas um buquê por dia já é um recomeço. Abro, pois, uma porta para nova estação. Se não existe partilha, é questão do outro. O ato de escolher é intransferível. Alguns preferem o raso, outros mergulham em sois. Escolho transmutar-me em girassol-aprendiz Ávido, fascinado, buscando luz, feliz. Uma noite
Uma vez mais, sim, eu tentaria Abrir as mil comportas protegidas Para rever antigas emoções De novo à flor da pele. E por conta do enlevo, a poesia oculta Verso por verso então revelaria. Inteira, sem medo, embevecida. A alma se elevando em estado de graça Plena como renascida. Aberta às revelações, às alegrias Mas nenhum voto, que o futuro é frágil. Porque não sei se depois te lembrarias...
E quase não há mais como dizer do novo. Que o tempo subtrai a juventude do instante E a beleza em seu estado puro. Há coisas que esmaecem depois de serem ditas Tornam-se passadas, perdem o viço. Dizer de outra forma, quase imposição Como encarar nossos limites e mudanças. Fogo, poeira, sonho, resistência... Em luta as palavras secam na garganta Exaustas de ensaiarem o tom exato de ser E sendo apenas sombra do que ousam dizer... Libertação
Invoco a loba confinada em sombras, que não pode revelar-se À luz do dia. Que cura, liberta, pura metamorfose, mas sem definição Fora da arte. Que arte é o lugar onde tudo se encontra, onde se toca o mistério. Acolho-te de novo, ó bela conhecida, exilada de mim há muitos séculos... Vestindo tua pele, liberando o uivo tanto tempo contido. Para rever lugares que habitamos, até nos separarem Mentira e maldição. Ó minha alma, minha versão mais honesta, plena de energia! Animal de uma tão doce ternura que toca o coração dos céus E faz tremer o inferno tramado contra as mulheres. Reconheço-te cada vez mais e não me assusto. Não duvides! Vem e abriga-te como era antes. É preciso que venhas Reensinar-me a lição que me decifra inteira e me devolve a mim. Recomeço
Não encontro a mínima semelhança! Em lugar de adoração de longe, silenciosa Uma exaltada alegria quase tocando o céu. Movimento, descanso, leveza, completude. Mais claridade, alma em expansão Visitas raras a mundos insuspeitos. Pouco a pouco vou plantando um jardim primoroso Sem nostalgia, sem tensão de perdas. Colher apenas um buquê por dia já é um recomeço. Abro, pois, uma porta para nova estação. Se não existe partilha, é questão do outro. O ato de escolher é intransferível. Alguns preferem o raso, outros mergulham em sois. Escolho transmutar-me em girassol-aprendiz Ávido, fascinado, buscando luz, feliz. Uma noite
Uma vez mais, sim, eu tentaria Abrir as mil comportas protegidas Para rever antigas emoções De novo à flor da pele. E por conta do enlevo, a poesia oculta Verso por verso então revelaria. Inteira, sem medo, embevecida. A alma se elevando em estado de graça Plena como renascida. Aberta às revelações, às alegrias Mas nenhum voto, que o futuro é frágil. Porque não sei se depois te lembrarias...