Nascimento e morte. Natal e Paixão. As principais datas que marcam a história de Jesus. O nascer de uma era, que consolida a mais elevada ...

Semana Santa

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Nascimento e morte. Natal e Paixão. As principais datas que marcam a história de Jesus. O nascer de uma era, que consolida a mais elevada mensagem outorgada à humanidade, e o fim de sua passagem, que revela no abominável plebiscito o maior equívoco cometido na história do planeta.

A crucificação de Cristo persiste como símbolo dos erros oriundos do livre arbítrio até hoje. Prova de que estamos muito longe de acertar nas escolhas que fazemos e de aprender com nossos erros.

Por mais significativos que tenham sido, o nascimento e a morte de Jesus ainda não nos ensinaram proveitosamente ao longo de 21 séculos. A simplicidade que contornou a preparação, a chegada, a mensagem e toda a vida do Nazareno
não se efetivaram como lição. Templos suntuosos que foram erguidos monumentalmente com sacrifício e exploração, revestidos de ouro e riquezas jamais enaltecidas nos evangelhos refletem o incompreensível paradoxo.

Rituais pomposos e paramentados permanecem conflitantes com a humildade que caracterizou a conduta de Jesus, seja na pregação da palavra, na maneira como ensinou a orar, no respeito às mulheres, na compreensão e tolerância com erros alheios, ou na sábia convivência com a diversidade social. Nenhum iluminado enalteceu tanto a mulher, tanto no trato com as consideradas de má fama, quanto com as samaritanas ou as amigas Marta, Maria e Madalena. Curiosamente, até hoje a mulher não é autorizada a dirigir, celebrar cultos e atos litúrgicos em algumas instituições, como se fossem inferiores aos homens...

Solicitado pelos discípulos a ensinar sobre a correta maneira de orar, Jesus criticou os que proferem preces em voz alta, publicamente ou em sucessivas e inócuas repetições. Mostrou o inestimável valor do recolhimento individual sob silenciosa e compenetrada sintonia com o Criador. Apontou que nenhum altar coberto de ouro se compara aos das belezas da natureza, aos quais se dirigia retirando-se em prece. No modelo de oração perfeita - o Pai Nosso -, torna soberanos os desígnios do existir simbolizados em “seja feita a Vossa vontade”, perante os quais nos conclama à sabedoria da paciência e resignação. E faz-nos entender que só seremos perdoados na mesma medida em que soubermos perdoar.

Quando lhe perguntaram sobre os verdadeiros cristãos, respondeu: “meus discípulos se conhecerão por muito se amarem”. Apenas isto. Não disse “por acreditarem em mim, por acreditarem em Deus, seguirem esta ou aquela religião”, demonstrando que o que importa é a conduta e não a crença, a prática e não a teoria. Mil vezes superior é um ateu que passa a vida fazendo o bem do que um crente que se enfia em cultos e igrejas, mas permanece orgulhoso, preconceituoso, interesseiro e maledicente, inclusive tirando proveito da fé que professa.

Jesus jamais disse que só Ele salva. Assim, o que seria dos que viveram séculos e milênios antes de Si, que não conheceram Sua palavra, não se batizaram, nunca comungaram, mas souberam amar, construir e edificar obras em prol do bem comum?

A rigidez das normas e o inferno como dogma absurdo foram destronados em troca da mansidão, do convite à reforma íntima, do não julgamento sobre o comportamento alheio. Muitas armadilhas foram criadas para testar Jesus e de todas Ele se desvencilhou com a luz da exemplar sabedoria.
A lei vigente ordenava que a mulher flagrada em adultério fosse apedrejada em praça pública. Mas Jesus interpelou sobre que tipo de autoridade os pecadores possuíam para puni-la. A lei não permitia trabalhar aos sábados, mas Ele curava em qualquer dia. Não se podia comer sem lavar as mãos, mas o Cristo lembrou de que há venenos muito piores do que os germes, como o ódio, a hipocrisia e a inveja.

As velhas escrituras foram ultrapassadas pelo amor incondicional que estrutura o Novo Testamento como regra máxima absolutamente preponderante, sem que se percam os seus valores históricos e culturais. A partir do qual a pregação há de ser desinteressada e jamais cobrada, tornando qualquer doação aos templos unicamente voluntária e espontânea, sem discriminação.

O Nazareno recomendou para que não nos preocupássemos com o porvir, que cada dia tivesse os seus cuidados, que não nos afligíssemos com fatos e vicissitudes, pelo que havemos de comer, de beber ou de vestir. Que olhássemos as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros, e o Criador as alimenta.

Quanta coisa ainda resta a dizer, que aqui nem caberia… E talvez não importe, como nunca importou, nem durante a semana dita Santa...

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  1. Ângela Bezerra de Castro31/3/21 13:36

    É que a simplicidade não é fácil de alcançar. Representa um nível existencial muito elevado. Pressupõe despojamento e a valorização do essencial. Tudo que não interessa à maioria da humanidade.

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  2. Germano, você defende as suas convicções sempre com muita arte! Parabens, brinda-nos com mais um belo e rico texto!

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