Muito já se disse, muito já se escreveu e muito se sabe sobre o senador José Maranhão. Sobre suas qualidades políticas, parlamentares, administrativas, profissionais, empreendedoras e até pessoais como de bom piloto, fazendeiro, pecuarista. E olhe que gente de valor e saber literário como Ângela Bezerra de Castro e Gonzaga Rodrigues se dispôs a escrever sobre ele com o merecido título “Uma vida de coerência".
Sua trajetória é assunto inesgotável, principalmente para quem parte deixando na história e na lembrança traços de virtude em tudo o que fez. Pois todo dia há algo a acrescentar pelos que desfrutaram privilegiada convivência em sua vida longa e produtiva.
Mas agora o assunto é, digamos, especial. Não é público como sua respeitada imagem. Mas talvez até mais relevante, pois nos dá a certeza de que ao despertar para o novo mundo que se abrirá diante de seu espírito, com a consciência limpa e regozijada pelo bem, gozará a plenitude e o conforto que merece. E com a disposição de sempre, seguirá sua trajetória de trabalho e dedicação inspiradora nas atividades do plano espiritual.
Mas vamos à virtude que desejamos ressaltar no senador José Maranhão: a bondade! Bondade nata, da solidariedade, da compaixão social e, para quem não sabe, amor pelos animais! Basta apenas isto para definir o nível de evolução dos sentimentos de qualquer pessoa. Amar e respeitar os bichos, sobretudo os indefesos e dependentes de nós, que somos classificados, às vezes inapropriadamente, de humanos, é uma qualidade superior a muitas outras. E dela quem nos falou foi uma verdadeira amiga sua, que teve com ele uma relação afetiva sublime e ininterrupta por mais de 70 anos. Desde o berço, aliás, desde os pais e avós: Ângela Bezerra de Castro! Poucos o conhecem tão profundamente quanto ela...
Certa vez, Maranhão quis presentear uma amiga de Recife com um gatinho filhote. E resolveu levá-lo pessoalmente no seu avião particular. À época, uma pequena aeronave que só cabia duas pessoas. Mas a sua preocupação era de como acomodá-lo, pois tinha pena de prendê-lo numa casinha dessas que se vendem nas lojas pet, por maior que fosse, mesmo considerando o tamanhinho do gato. Tinha receio de que ele ficasse chorando durante o voo, mesmo sendo um trajeto de pouco mais de meia hora.
Veio então a luminosa ideia. Convidar a amiga Ângela para ir com o gatinho no colo, ao seu lado. Nem precisa dizer qual a resposta da amiga, que nutre franciscana amizade por todo o reino animal, vegetal, quiçá até mais do que por grande parte dos humanos. Ela foi capaz de “criar” até um casal de lagartixas, a quem dava de comer, na casa onde morou. Neta de fazendeiros de Araruna, lugar onde começou a escrever sua vida, cujo bucolismo se impregnou feito aura em seu espírito até hoje, é de lá que vem sua grande amizade com “Zemaranhão”, como se refere sempre sob as inefáveis carícias de suas preciosas e incomparáveis lembranças.
E lá se foram os três para Recife sobrevoando o litoral. “Vamos bordejando as praias para você ver que coisa linda” - antecipou o piloto à amiga.
Ora, “Zemaranhão"… Coisa linda é esse seu sentimento puro, que, como muito bem sabem outros amigos de verdade, você não se poupou a estender aos mais humildes e desprotegidos. Agora é você quem entende, mais que nós, o valor que isto tem. Quando passa tudo aquilo que não tem...