Nem me lembro quando comecei a ir ao bloco das Muriçocas do Miramar. Mas lembro da primeira emoção que me atingiu em cheio, e que me fez seguir o bloco todos os anos, na quarta-feira de fogo, para sentir aquela sensação de novo.
Como batia forte a minha estima pela nossa cidade, ao ouvir “João Pessoa sonha, com o seu verde colorindo o azul do mar, e a cidade velha já se acorda com seu canto secular”. O bloco que reavivou o carnaval espontâneo da nossa cidade, nas ruas, para todos, com qualquer fantasia ou sem nenhuma, surgiu valorizando a nossa terra, exaltando a nossa história, as nossas belezas, falando da nossa aldeia.
A cidade verde, a cidade da praia, e a cidade velha – como meu pai chamava o centro histórico, sua grande paixão. Me impressiona a sensibilidade de Fuba em colocar tanta poesia e simplicidade num hino tão belo. “São as muriçocas, abram alas que elas vão voar, espalhando alegria, de Tambaú ao rio Sanhauá”
Nas Muriçocas já fui bruxa, já fui anjo, já fui pirata, já fui cangaceira, já fui até demônio, de chifres vermelhos. Foi no ano passado, pra combinar com o momento... Já desci a avenida em cima do trio elétrico, já desci a pé, já até caí num bueiro no meio do percurso até Tambaú...
Sim, as Muriçocas fizeram reaparecer o carnaval de João Pessoa e o surgimento de tantos outros blocos, dando origem ao Folia de Rua e toda a sua irreverência, marca maior das prévias de João Pessoa.
Mas além disso tudo, o bloco provou que aqui temos artistas para levantar movimentos como esse. O que precisamos é de auto estima, como nos ensinam as muriçocas. “É fogo, é fogo, é fogo, é quarta-feira de fogo...”