Quando os pássaros ficaram enfileirados na fiação, observando o movimento da rua, era como se estivessem hipnotizados, em uma catarse ao inverso, psicose coletiva. Fixos, em guarda, mas em frenesi mental, feito espectadores diante de uma grande tela, sentados, porém inquietos com os movimentos lançados à sua frente, assistiam a um novo mundo normal. E sim, preparavam de uma janela indiscreta o ataque.
Pacientemente, agiam por um novo instinto grupal, pois ali não havia o poderoso chefão. Eram vidas sem rumo seguindo uma intuição alheia à própria vontade, inexistia um comando, a conversação. Era um quebra-cabeça, uma palavra-cruzada, onde cada peça precisava ser encaixada. Parados, porém preparados para tornar a rotina em um algo novo, aterrorizante, um apocalipse agora.
E o clima era sufocante. Eram cães de aluguel com bicos e penas de abutres, mais que os oito odiados, talvez centenas, milhares de olhos que espreitavam feitos assassinos por natureza, uns bastardos inglórios, em tempo de violência física ou psicológica.
O mundo já não era mais o mesmo. Estava encurralado além da eternidade, clamando por uma louca escapada. Na verdade, era o terminal de onde partiam para uma guerra dos mundos, pois já não havia império do sol, de nada, fragmentos que fingiam seguir a normalidade desconhecida.
E de olhos bem fechados esperavam surgir o iluminado, um doutor fantástico, que os guiasse para o grande golpe devastador, onde existisse de fato uma glória feita de sangue. Cada um era nascido para matar, individualmente inofensivo, coletivamente o terror.
E os ponteiros seguiam. Enquanto isso, se criava um novo cenário. Eram os intocáveis estranhos daquela plataforma de observação, com olhos de serpente, a espreita, porém, ainda não tinham os pecados de guerra. Faltava um tiro na noite, um dublê de corpo.
Enquanto decidiam, os olhos prontos para cruzar um rio grande, um rio bravo, um rio vermelho, sem ter um sangue de herói, deixando rastros de ódio depois do vendaval. Aqueles seres voantes transformavam o sentido de que o céu mandou alguém em algo pervertido por animais audazes e malditos, uma terra bruta sob o domínio dos bárbaros.
Os senhores da guerra assistiam inertes, como se refletissem o melhor caminho, entre céu e inferno fossem o caminho da vida. Sonhos transformados em pesadelos, um trono manchado de sangue pelos sete samurais do mal.
E segue o roteiro. Os sonhadores acreditavam que a beleza roubada podia ser restituída, pois o céu que nos protege do assédio, seja o conformista ou o último imperador. Sim, sempre é possível crer em poesia, no amor, como em o último tango em Paris.
E corta! Pois sabemos que a conquista da honra é mais que dívida de sangue, que ser melhor que os imperdoáveis, que falar sobre meninos e lobos. É ir além da vida, é ultrapassar o invictus.
Pois o morro dos ventos uivantes sopra os melhores anos do resto de nossas vidas para assegurar que da terra nascem os homens. E das horas de desespero surge uma sublime tentação para vencer a infâmia, como a carta que como uma rosa de esperança vence a chaga de fogo.
Do alto, que nós sejamos os pássaros avaliando o mundo. E que ataque seja evitado quando as luzes acendam e vejamos maravilhados a mágica imaginada e criada da cadeira do diretor. É sermos Alfred, Francis, Quentin, Steven, Slanley, Brian, John, Akira, Bernardo. Clint, William, etc.. E vermos cinematograficamente o mundo. The End!