Senhoras e senhores... Hoje tem espetáculo. Tem, sim senhor! Sob a velha lona rasgada, mais trapos que proteção, ou embaixo de uma re...

Um mundo sob a lona

Senhoras e senhores... Hoje tem espetáculo. Tem, sim senhor!

Sob a velha lona rasgada, mais trapos que proteção, ou embaixo de uma reluzente cobertura com listras e estrelas, parecendo uma bandeira americana novinha em folha, a alegria estava garantida. E tábuas, cordas... e mastros erguidos. Uma casa de festa, emoção e felicidade. Espetáculo garantido.

Olhos vidrados em expectativa até gargalhadas liberadas nos rostinhos infantis e das crianças adultas de volta à meninice com as piadas pueris dos palhaços das grandes trupes que percorriam as capitais, ou os mais vulgares dos grupos de pequenas cidades e subúrbios dos grandes centros. 

E a tensão estampada no risinho nervoso da plateia enquanto o domador encarava e comandava as feras na arena armada no picadeiro. Leões que obedeciam e encaravam círculos de fogo ao som do chicote, elefantes que atendiam as ordens do líder, macacos que agiam feito humanos andando de bicicleta. Politicamente incorreto, mas de boas memórias afetivas para olhares desavisados do sacrifício animal.

Na mágica, o espanto por números incríveis. A cartola de onde sai de um tudo pelas mãos do misterioso homem vestido de fraque e que portava uma varinha mas mãos. E lá vai ele serrar a assistente bonita dividida em pedaços dentro de uma caixa, para depois ser reconstruída ao toque da varinha do maravilhoso mágico.

No céu da lona voam os equilibristas de balanços feitos dançarinos dependurados a saltar de um lado para o outro, confiante no acerto, confiante na proteção de uma rede metros abaixo. Chapéus, facas, bolas e até tochas controladas por mãos hábeis de malabaristas. Sem falar no desafio de prender o fogo das motos acelerando no globo da morte. Sincronia veloz e arrojada.

Na plateia, a criançada divide a atenção dos olhos no picadeiro e a boca na pipoca, maças do amor e algodão doce. E palmas, assobios, para celebrar o êxito dos artistas circenses a cada número.

Como esquecer o Grand Bartolo, o Tihany, Orlando Ofei, Garcia, etc. E suas lonas mágicas levantadas em lugares diversos de João Pessoa. Nas ruínas do Mercado Central na década de 70, nos terrenos da Avenida Epitácio Pessoa que viraram concessionária de veículos e templo religioso.

O circo em festa. Famílias inteiras envolvidas nessa arte, gerações após gerações, vidas errantes, trupes de sonhos. Sim, venham ver o espetáculo trazido por caminhões multicoloridos, um palácio de diversão montado em algum ponto da cidade, permanentemente em algum lugar da memória. Um mundo de magia e luz embaixo de uma lona, pois o espetáculo não pode parar. Palmas!

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  1. Ohhh!!! Que boas lembranças meu caro Clóvis Ribeiro.. vivi intensamente tudo isso que está na sua narrativa.
    E.. saudosas lembranças!!!
    Paulo Roberto Rocha

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    1. Circo é um mundo mágico. Que bom que gostou do texto. Um abraço.

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