O livre arbítrio é um tema bastante polêmico. Tem sido objeto de discussão e estudos por parte de pensadores e filósofos, tanto na concepção teológica quanto na visão ateísta. O debate suscita a pergunta: o livre arbítrio é um mito? Ou é uma faculdade que foi concedida por Deus aos seres humanos?
Todos nós somos fascinados pela ideia de sermos livres, agirmos na conformidade das nossas vontades, decidirmos guiados pela nossa capacidade de alvedrio, juízo do que é certo ou errado, consonante com o que define a nossa consciência.
Calvino e Lutero na defesa da tese do “determinismo” questionam: “Ora, se Deus conhece o nosso presente e o nosso futuro, as escolhas que possamos fazer no curso de nossa vida, nada mudarão o que está por vir”. Eles tentam destruir a aceitação da existência do livre arbítrio a partir dessa indagação.
Já Santo Agostinho, na linha de pensamento dos cristãos, colocou no seu livro publicado em 395 D.C., “Libero Arbítrio”, que “o livre arbítrio é a possibilidade de escolher entre o bem e o mal; liberdade é o bom uso do livre arbítrio”. Há uma afirmação na Bíblia: “o coração do homem propõe o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”. Logo, segundo o entendimento cristão, os seres humanos serão responsabilizados por suas escolhas. Principalmente quando elas contrariarem os mandamentos de Deus.
No Espiritismo o livre arbítrio é visto como a oportunidade que Deus nos oferece para evolução do espírito, reforma íntima resultante de aprendizado na vida. O conhecimento e o comportamento, adquiridos ao longo do tempo, nos permitem reordenar a visão que temos de nós mesmos, dos outros e do mundo em que vivemos, preparando-nos para minimizarmos erros na prática do livre arbítrio.
Nem sempre nossas decisões são livres, elas sofrem influências do que conhecemos, do que sentimos e do que amamos. Portanto, o livre arbítrio é apenas a autonomia que temos em escolher aquilo que, por nossa inteligência, elegemos como ação correta. As consequências são de inteira responsabilidade nossa.