Um pouco de Natal
Ponha um pouco de Natal Na sua preocupação, Acenda velas de tranquilidade, Deixe que venham a paz e a oração. Ponha um pouco de Natal Na sua tristeza, Enfeite-se de bolinhas de alegria, Distribua-se com grandeza. Ponha um pouco de Natal No seu mau humor, Enfeite-se de sorrisos de festão Seja mais diversão. Ponha um pouco de Natal No seu egoísmo, Acenda no alto uma estrela brilhante, Resplandeça a humildade de forma edificante. Ponha um pouco de Natal Dentro de si, Seja sua própria árvore, seu presente, Seu presépio. Natal só precisa de amor, Faça-se esse obséquio.
Deixa que eu fique mais um pouco Até que passe a chuva, Até que venha o sol E eu te cantarei os velhos fados, Que aprendi além-mar. Deixa que eu me sente ao teu lado Até que a tarde passe devagar E venha a noite. E eu velarei teu sono com ternura. Deixa que eu acompanhe teu caminhar Até que ele se torne cansado e vacilante E eu te darei meu braço, porto seguro, E caminharemos mais distante. Deixa que eu fique do teu lado Até que não precisemos mais das palavras E o meu olhar te falará poemas de amor, Assim, onde estiveres, o meu sol Aquecerá os teus mais rigorosos invernos de silêncio. O menino e o velho
Viajando nas asas da eternidade, O velho e o menino percorriam os espaços, Enquanto as nebulosas desenhavam coloridas espirais Colorindo e enfeitando os mundos siderais. O menino sentado no colo do ancião, Alisa-lhe as barbas longas com a mão, E, cruzando as perninhas finas, Pensativo, põe-se a indagar: Velho tempo, me esclareça, De onde vem a tua serenidade? Responde-lhe o tempo: Esqueces que sou dono da eternidade? Dize-me então velho amigo, Por que sendo como tu tão antigo, Sou ainda uma pequena criança, E tu tens na pele a ancianidade?
Ontem eu sabia escrever poemas calmos Que falavam de alegria e paz, Mas os ventos resolveram rebelar-se E a tormenta instalou-se na minh’alma. E os versos continuam a nascer, Mas não são brandos, são como chicotes. São versos barrocos, cheios de paradoxos, Antíteses e contradições. Porque assim se encontra meu coração. São versos violentos, Que ferem os ouvidos Para que a dor faça sangrar E acordar a quem dorme. Porque dormir é morrer, Dormir é negar-se ao real E eu quero estar desperta Para o nascimento de mim. Sei que renascerei de minhas cinzas Qual fênix poderosa, E saberei sorrir e caminhar comigo Saberei ser bastante para mim mesma E não haverá mais a palavra saudade No dicionário de meu eu.
Ponha um pouco de Natal Na sua preocupação, Acenda velas de tranquilidade, Deixe que venham a paz e a oração. Ponha um pouco de Natal Na sua tristeza, Enfeite-se de bolinhas de alegria, Distribua-se com grandeza. Ponha um pouco de Natal No seu mau humor, Enfeite-se de sorrisos de festão Seja mais diversão. Ponha um pouco de Natal No seu egoísmo, Acenda no alto uma estrela brilhante, Resplandeça a humildade de forma edificante. Ponha um pouco de Natal Dentro de si, Seja sua própria árvore, seu presente, Seu presépio. Natal só precisa de amor, Faça-se esse obséquio.
Homenagem a Maria
Já era noite, Uma noite escura e fria. E as pés da cruz, A chorar por Jesus, Encontrava-se Maria. Como pode alguém, Sofrer assim? Como pode uma mãe, Suportar tamanha dor? Em ver o seu filho amado, Ter o corpo dilacerado. Em vê-lo só e humilhado Em um vil madeiro pregado? Como pode uma mãe, Suportar a humilhação, De ver seu amado filho, Justo, bom e santo, Ser crucificado, Qual fosse um ladrão? Já era noite alta, E aquela mulher, Tão bela e doce, Aos pés da cruz chorava. E aos rudes soldados suplicava: Dá-me o corpo de meu filho! Já está morto, Já é cumprido o castigo lhe imposto.
Deixa-me lavá-lo,
Deixa-me sepultá-lo,
Deixa-me, enfim,
Ainda em um último instante,
Que eu possa tê-lo no colo,
E amá-lo!
Por fim, um nobre homem,
De nome Arimatéia,
Permite que o corpo,
Daquele filho amado,
Em suas mãos seja entregue.
E Maria, consternada,
Recebe o corpo exânime,
Daquele ser tão amado.
Desta feita, martirizado,
Ferido e ensanguentado.
E a sua alma se abrasa,
Na dor mais profunda,
Que alguém pode suportar...
E com suas lágrimas,
O corpo amado do seu filho,
Ela se põe a lavar.
Quantas chagas!
Quanto sangue!
Oh, Humanidade infame!
Que fizeste do meu filho,
Que a ti veio servir,
E te ensinar a amar,
Veio te mostrar a luz,
Que dentro de ti pode brilhar?
A dor da mãe revoltada,
Ardia em seu coração.
Mas, diante dos divinos olhos,
Ao ver o doce olhar de Jesus,
Viu nele o brilho da paz,
Pois luzia nos seus olhos,
Ainda o brilho das estrelas,
E, com elas, a promessa de voltar,
E assim teve plena certeza,
Do seu breve ressuscitar.
Deixou a revolta de lado,
E abraçou a Humanidade,
E junto com os seus discípulos,
Na casa humilde do caminho,
Passou a fazer a caridade.
Tornou-se a mãe de todos,
E, hoje , a Ela saudamos,
Maria e seu amor profundo,
Represente, nesse instante,
Todas as mães do mundo.
M.D. (Página psicografada em 09/05/2014)
Com permissoJá era noite, Uma noite escura e fria. E as pés da cruz, A chorar por Jesus, Encontrava-se Maria. Como pode alguém, Sofrer assim? Como pode uma mãe, Suportar tamanha dor? Em ver o seu filho amado, Ter o corpo dilacerado. Em vê-lo só e humilhado Em um vil madeiro pregado? Como pode uma mãe, Suportar a humilhação, De ver seu amado filho, Justo, bom e santo, Ser crucificado, Qual fosse um ladrão? Já era noite alta, E aquela mulher, Tão bela e doce, Aos pés da cruz chorava. E aos rudes soldados suplicava: Dá-me o corpo de meu filho! Já está morto, Já é cumprido o castigo lhe imposto.
Deixa que eu fique mais um pouco Até que passe a chuva, Até que venha o sol E eu te cantarei os velhos fados, Que aprendi além-mar. Deixa que eu me sente ao teu lado Até que a tarde passe devagar E venha a noite. E eu velarei teu sono com ternura. Deixa que eu acompanhe teu caminhar Até que ele se torne cansado e vacilante E eu te darei meu braço, porto seguro, E caminharemos mais distante. Deixa que eu fique do teu lado Até que não precisemos mais das palavras E o meu olhar te falará poemas de amor, Assim, onde estiveres, o meu sol Aquecerá os teus mais rigorosos invernos de silêncio. O menino e o velho
Viajando nas asas da eternidade, O velho e o menino percorriam os espaços, Enquanto as nebulosas desenhavam coloridas espirais Colorindo e enfeitando os mundos siderais. O menino sentado no colo do ancião, Alisa-lhe as barbas longas com a mão, E, cruzando as perninhas finas, Pensativo, põe-se a indagar: Velho tempo, me esclareça, De onde vem a tua serenidade? Responde-lhe o tempo: Esqueces que sou dono da eternidade? Dize-me então velho amigo, Por que sendo como tu tão antigo, Sou ainda uma pequena criança, E tu tens na pele a ancianidade?
Ah, terna criança!
Resolver as dores do mundo é tarefa inglória,
Tudo na vida depende do tempo...
Tempo de nascer, tempo de morrer,
Tempo de semear, tempo de colher,
Tempo de lembrar, tempo de esquecer.
O trabalho de sempre renovar, leva-me a envelhecer.
Quanto a ti, doce infante,
Semeias por aí doces sementes,
Trazes alegria aos amantes,
Iluminas os corações apaixonados,
Em tua labuta, estás sempre renovado.
Porém, meu dileto amigo,
Eu como amor, semeio o carinho,
A pureza e a docilidade,
Mas muitos enfeiam a efêmera flor,
E o ciúme e o egoísmo,
Terminam por me expulsar do coração humano,
E em meu lugar fica a dor.
O Velho Tempo concorda,
Com a cabeça a balançar.
É... E quantas vezes sou convocado,
Para sanar seu semear.
Tem dores de amor que, somente o tempo,
É capaz de curar.
O menino abraça o velho,
Com respeitosa amizade,
Será que um dia, como tu,
Eu serei imortal, serei dono da eternidade?
Espera minha, criança,
Aguarda no tempo, a vitória,
Trabalhemos o terreno do coração humano,
E o Homem, compreendendo-te,
Far-te-á eterno em sua história.
Poema barrocoOntem eu sabia escrever poemas calmos Que falavam de alegria e paz, Mas os ventos resolveram rebelar-se E a tormenta instalou-se na minh’alma. E os versos continuam a nascer, Mas não são brandos, são como chicotes. São versos barrocos, cheios de paradoxos, Antíteses e contradições. Porque assim se encontra meu coração. São versos violentos, Que ferem os ouvidos Para que a dor faça sangrar E acordar a quem dorme. Porque dormir é morrer, Dormir é negar-se ao real E eu quero estar desperta Para o nascimento de mim. Sei que renascerei de minhas cinzas Qual fênix poderosa, E saberei sorrir e caminhar comigo Saberei ser bastante para mim mesma E não haverá mais a palavra saudade No dicionário de meu eu.
Visceral
Às vezes sou assim: Visceral,
E o verso queima como brasa,
Tem sangue, excremento,
Faz com que minha alma arda.
É o lado loba que uiva nas noites insones.
E traz de longe,das profundezas
Em que me perco, versos insanos.
Às vezes eu sou assim: Suave,
Puro sentimento,
E o verso abranda a alma docemente,
Tem perfume, ungüento.
Faz repousar a alma.
É o lado anjo que ora nas madrugadas,
E traz de longe, dos sonhos,
Em que me perco, versos diáfanos.
E vivo assim, nessa dicotomia de sentimentos,
Ora sou sangue, ora sou vento,
Ora sou santa, ora sou fera,
O que sei é que sou alma que grita,
Que vive, que ama, que desespera.
E não se entrega somente,
Ao que de mim se espera.