Seja como for, Nilvan Ferreira não será mais o mesmo. Agrega em seu currículo de aparência política até bem pouco obscura a metade (menos uma fração) do eleitorado de uma das capitais mais politizadas do país. Sem o prisma ideológico de um Boulos, de uma Marília Arraes ou de Manuela d’Ávila, lideranças novas que o pleito confirmou, o radialista que se destacava apurando pleitos há d ser considerado em qualquer situação ou composição futura.
A volta de Cícero, em que pesem os apoios e circunstâncias presentes, remete a memória a três displays colados na mente de quem vai ao Terceirão ou ao 4.400, de quem contorna o Rogger e não avista mais o Lixão e dos que recobraram o comércio varejista da Silva Jardim. Na gestão dele, tudo aquilo foi revascularizado, reanimando um comércio que nos anos 1950 começava a afundar na degradação. Todo aquele núcleo histórico entre a sede clássica dos Correios e a rua da República pagava o ônus de abrigar o baixo meretrício. Hoje, com a urbanização de Cícero, tornou-se um varejo de sapato alto.
Outros, centenas de milhares, puxaram a caçamba que o mantinha no gelo por mil outras razões. Fixei bem as mencionadas, como guardarei de Ricardo Coutinho a restauração do Espaço Cultural, por mais estradas e viadutos que haja construído.
EM TEMPO - Hoje, 2 de dezembro, acorda no menino de 75 anos atrás sua primeira euforia com eleição. Deposto pelos generais que, oito anos antes, lhe deram mão firme no Estado Novo, Getúlio sai de Itu, na redemocratização, com mais de 1 milhão de votos para o Senado. Prestes deixa a prisão para se eleger senador, deputado e a bancada federal de 14 comunistas. Tudo vinha pelo rádio, a guerra, a paz, a queda do ditador, o nascimento do baião (Eu vou mostrar pra vocês / como se dança o baião”), numa tela sem limites, a da imaginação coletiva, limitada depois pelo grande avanço da tecnologia.