Você sabia, leitor, que estão construindo um centro comercial nos jardins da sede social do Esporte Clube Cabo Branco, no Miramar, desfigurando totalmente uma das mais belas e emblemáticas obras arquitetônicas da Capital? Pois é, eu também só acreditei quando vi a foto da monstruosidade enviada por uma estimada amiga que mora nas vizinhanças do clube. Mas não dá mesmo para acreditar em tamanho atentado a um dos mais queridos símbolos da urbe, ali à vista de todos e principalmente das autoridades, num verdadeiro acinte aos pessoenses que amam sua cidade.
Tirando os mais jovens, uma boa parcela da sociedade pessoense de mais idade frequentou o chamado “Colosso de Miramar”, seus memoráveis carnavais, suas matinais, sua boate, seu restaurante panorâmico, suas piscinas, suas quadras de tênis e seu campo de futebol. Sem falar nas apresentações dos mais renomados artistas nacionais e até internacionais. Quem há de esquecer os prazerosos momentos vividos nas belas e modernas dependências de uma das mais expressivas edificações da cidade, até hoje um projeto de arquitetura absolutamente atual, mesmo passados já mais de sessenta anos de sua construção, em 1958?
Fico imaginando o pasmo dos então pacatos pessoenses ao verem erguido no à época distante Miramar aquela edificação grandiosa, de linhas arrojadas, diferente de praticamente todos os demais prédios da Capital, impondo-se revolucionariamente à paisagem urbana com imediata vocação para transformar-se em cartão postal citadino, o que de fato se deu, para orgulho da aldeia.
Não sei se o “Colosso de Miramar” já foi tombado pelos órgãos públicos competentes. Se não o foi, já devia ter sido, já que esta é uma das formas mais eficazes de proteção contra atentados como o que agora se verifica à vista de todos. Fica aqui o lembrete para o prefeito (atual e futuro), o secretário estadual de cultura, prof. Damião Ramos Cavalcanti, sempre tão zeloso em tudo que faz, e o dirigente do IPHAEP. Mas principalmente fica aqui a convocação para os pessoenses em geral. Que se mobilizem de todas as maneiras e por todos os meios para salvar o velho clube Cabo Branco, patrimônio da cidade.
Já perdemos muito do nosso patrimônio histórico e cultural. O Varadouro e suas ruínas é uma prova que agride nossos olhos. Não percamos mais, caros leitores. Unamo-nos agora, enquanto é tempo, em defesa do “Colosso de Miramar”, orgulho e memória de todos nós.