O nosso conhecimento, adquirido através de milênios, ainda é pouco para que compreendamos totalmente os que esses dois espaços significam. Em nosso planeta habitat, a Terra, os mundos de ar e água são como universos paralelos em que podemos muito influir e influenciar, mas não dominar. Para as alturas dos céus ou profundezas dos mares a vida explode, cria, reconstrói, ensina e se resguarda.
Da terra segura, ou por meio de máquinas geniais feitas para voar ou nadar ou ainda mergulhar, tentamos levantar esses véus. Os aventureiros exploradores mais respeitados são os que entendem que toda a sabedoria extraída de céus e mares são limitadas aos nossos olhos e mentes, ilimitadas de possibilidades.
O brasileiro Alberto Santos-Dumont dotou-se de asas para se sentir pássaro, sendo o primeiro a controlar um voo, com decolagem e pouso seguros, mas sabia dos desafios que o esperava, respeitava os céus. Ele nos deu asas e aumentou nossa visão. O russo Yuri Gagarin a bordo de sua Sputnik maravilhou-se com o tom azulado da Terra ao ser o primeiro a olhar de fora para dentro da nossa casa espacial, que a partir dali ganhou o título de Planeta Azul. Apesar disso, limites e fronteiras espaciais se mantém e atiçam a curiosidade da humanidade e da poeticidade.
A maioria dos humanos ainda olha os céus maravilhada, com a cabeça virada para cima, para a Lua, em incomoda posição para o pescoço. Mais fácil é para aqueles enamoradas e crianças poetas que se deitam na grama dos parques ou nas areias das praias em noites de Lua Cheia ou fins de tarde para apreciar o infinito azulado pintado de algodão doce branco, colchões de ares, transportes de água da chuva, ou mesmo as barreiras negras do horizonte que violentas despejam eletricidade ou os atraem do chão, com estrondos ensurdecedores ou as alaranjadas escamas do fim do dia e as piscantes luzes nas noites mais escuras.
Em céus e mares, é mais fácil perceber sutilezas e forças, naturezas e fantasias para olhos de escritor/poeta ou de apaixonado. E escrever/poetizar dá no mesmo que amar, pois é declarar-se amante, é entender sem ter o poder de desvendar todas as coisas que cercam a humanidade e ao reconhecer-se limitado perceber-se pleno. E com isso visitar os azuis ao mergulhar nos céus de vácuos e voar pelas águas temperadas de sal, rasas ou abissais, em voos aquáticos, mergulhos acrobáticos.
Clóvis Roberto é jornalista e cronista