Vejo um ideal de perfeição na geometria de Pitágoras que vislumbra Deus como um eterno geômetra. Na sua concepção de Harmonia das Esferas lança os fundamentos da razão áurea. Da mesma forma, Euclides, apreendendo o pensamento de Platão, desenvolve a Geometria Esférica privilegiando a perspectiva e as seções cônicas.
Na magna Grécia, o postulante à Academia Platônica tinha, em primeiro lugar, que aprender Matemática a fim de desenvolver o raciocínio abstrato e a capacidade de especulação filosófica. Imprescindível não esquecer que tal ciência divide-se em Aritmética, Álgebra e Geometria. Com isso fica demonstrada a necessidade do conhecimento matemático enquanto idealidade nas dimensões objetiva e subjetiva, ou seja, no logos e na práxis.
Com o senso prático de povo guerreiro e comerciante, Roma instrumentaliza as intuições de Pitágoras e de Euclides e, com isso, fundamenta a Arquitetura, através da percepção de Vitrúvio, que passa a conceber as construções arquitetônicas de acordo com a utilidade, a solidez e a beleza. Não é à toa que Leonardo da Vinci faz exuberante trabalho sobre o “Homem Vitruviano”.
É por isso que sou fascinado pela Arquitetura e a considero uma das ciências que representa um ideal humano com relação à habitação, ao urbanismo, ao meio ambiente, à decoração e a locomoção. Arquitetura é a vida em eterno devir revelando a evolução humana na relação antropológica de adaptar a natureza, de modo racional, às necessidades humanas.
Nesse sentido, tenho uma admiração incomensurável pelo trabalho do Arquiteto Germano Romero, cuja competência extrapola os limites da Paraíba. É um profissional de conhecimento cosmopolita que transforma em linha viva os projetos de um “forno” sempre repleto de ideias que mais parecem sonhos.
Germano, a quem tenho a honra de tê-lo conhecido garoto de calças curtas, sempre foi especial. Nas raríssimas conversas que tinha com o mesmo, confesso, não acompanhava a sua precocidade e, por isso, ficava calado. Sempre o admirei feito o carreiro do quadro da Independência do Brasil, de Pedro Américo, observando e aplaudindo o seu triunfo. Quem me conhece sabe que só me curvo à inteligência e ao talento. Diante de Romero, minha cerviz se dobra!
Sabia que o mesmo é Músico erudito, mas nunca encontrei coragem para pedir-lhe a explicação sobre uma Escala de Dó Maior, ou a diferença entre Harmonia e Enarmonia. No entanto, não errei os prognósticos de que seria uma referência na profissão que abraçasse. No estudo do piano absorveu a intuição pitagórica da música, enquanto estrépito da vida, e aprendeu a fazer dos seus projetos arquitetônicos uma espécie de sequência harmônica musical.
Fico honrado quando sou brindado com os projetos que “estão no forno” e são enviados para mim. Não vejo nada que represente ideologia nos seus projetos, pois o sonho, a música, a magia e a poesia transcendem pruridos de inveja, má-fé ou incompetência que levam ao ressentimento, à amargura e o enclausuramento nas frustrações. A Arquitetura de Germano Romero é uma simbiose da Música que faz bailar a linha da vida em projetos oníricos.
Josinaldo Malaquias é pós-doutor em direito, doutor em sociologia e jornalista