Li ou ouvi que haviam depredado o monumento a João Pessoa, na praça de seu nome, e me apressei a conferir o estrago.
Menino de grupo escolar do tempo que a professora saía dando aula com as estátuas, onde chego vou logo aos monumentos, às estátuas de rua, para só depois parar na igreja. Vi primeiro São Bento, quando desci aqui, porque fica na passagem, quase encostada à cabeça da ladeira que vem da Casa do Estudante. Precisava ser toupeira para não demorar a vista na bela igreja do leão.

Não, não vi nenhuma depredação de monta em qualquer das esculturas ou nalgum dos seus símbolos. O que falta, há anos, é a folha da espada romana ou grega de um dos figurantes, quebrada e levada sem que nenhum governo se advirta de que, para isso, há conserto. Suponho que haja, mas o conjunto é de uma harmonia tão poderosa que não dá para levar muito em conta o defeito. Na negligência o defeito já faz parte do conjunto.
O projeto arquitetônico, como lembra Abelardo, é de Clodoaldo Gouveia, o mesmo do Instituto de Educação (Liceu hoje), da Secretaria das Finanças, na cidade baixa e da Rádio Tabajara, destruída em sua antiga sede para ceder o lugar ao anexo do Palácio da Justiça. As esculturas são de Humberto Cozzo, o mesmo que, numa obra de volume menor - o busto de Augusto dos Anjos - erguido no Parque Solon de Lucena, não a fez menos expressiva.
No meu modo de ver, o maior feito de Luciano Cartaxo, entre suas iniciativas, foi permitir que a pequena escultura ganhasse a homenagem do espaço franco e livre tomado pelo antigo estacionamento. Hoje a herma cresceu, depois de bem exposta aos olhos de todos numa generosa clareira do bosque, confronte a entrada da rua Souto Maior. Não precisava aumentar-lhe o pedestal ou agregar-lhe melhor ornamento que umas florinhas de beira de estrada ao rés do pedestal.

Gonzaga Rodrigues é escritor e membro da APL