Ela era linda!
Mais que o amanhecer,
Mais que as noites de luar.
A sua beleza era tanta,
Que fez Afrodite invejar.
Quis, então, castigá-la,
Pela sua ofensiva beleza,
E mandou seu próprio filho,
Praticar essa vileza.
Fazê-la se apaixonar
Por um monstro de rudeza.
Eros, o deus do amor,
Filho de Afrodite,
Deveria flechar Psique
Para que se apaixonasse
Mesmo sem saber por quê.
Porém, o plano de vingança,
Tomou rumo bem diverso,
Ao ver tanta beleza,
Em uma simples mortal,
Eros flechou a si próprio,
E por Psique, apaixonou-se, afinal.
Psique, por ordem do oráculo,
Foi deixada, vestida de noiva,
Em perigoso penhasco,
Para ao monstro ser ofertada em casamento,
E a família ser poupada de doloroso tormento.
Zéfiro, o vento,
Levou a jovem adormecida,
Para viver em lindo castelo,
Para sempre, por toda vida.
Lá seria uma princesa,
Porém, amar, era coisa proibida.
Eros, no entanto, não resistiu,
Aos encantos da jovem tão bela,
Sucumbiu.
E no escuro da noite,
Iluminada pelas estrelas,
Amou Psique, ternamente,
E lhe fez, assim, mulher.
Era um amante sem rosto,
Que, à Psique, toda noite possuía.
Era sempre no escuro,
Que o amor acontecia.
A face do amante era-lhe negado mirar,
Ainda assim, a linda jovem permitiu-se amar.
A curiosidade, porém, Foi maior que a confiança,
E um dia a jovem amante,
Ao perceber o amado a dormir,
Quebrou o pacto firmado,
Não conseguiu resistir.
Munida de lâmpada a óleo,
Procurou ver-lhe o semblante,
Era de uma beleza tão grande,
Que a jovem entontecida,
Derramou-lhe sobre o ombro,
O óleo da lâmpada que lhe causou
No ombro uma ferida.
Desperto pela dor,
E ao ver a promessa quebrada,
Eros, desapontado, fugiu dos braços da amada,
Que se quedou em desalento,
Chorando desesperada.
E Zéfiro a levou de volta,
À vida de antigamente,
Não mais castelo, nem amor,
Só a tristeza de um coração doente.
Entretanto, pelo amor,
Psique quis lutar,
E pelo mundo saiu ,
Em busca do amado encontrar.
Chegando a um templo,
Em busca do seu amado,
Notou que, em seu interior,
Tudo estava desarrumado.
A cevada se espalhava,
Sujando, da deusa Deméter, o altar.
Psique, prestativa, logo se pôs a ajudar,
Limpou tudo e organizou,
Deixou o templo brilhando,
E a Deusa agradecida,
Deu-lhe valioso conselho:
“Concilia-te com a Beleza,
É o que tens a fazer,
Para o amor reencontrar.”
Psique, resoluta,
Senhora de coragem absoluta,
Aos pés de Afrodite foi-se dobrar.
Humilhando-se diante da deusa,
Querendo seu amor encontrar.
Afrodite, orgulhosa,
Impôs-lhe quatro condições,
Para encontrar o amado,
Passaria por missões.
Dependeria dela própria,
O glorioso resultado,
Ou o fracasso malfadado.
A primeira dentre essas,
Era, em uma noite separar,
Uma montanha de vários grãos,
Tudo em cada lugar.
Psique, a tarefa começou,
Porém, de tão cansada,
O sono a dominou.
Mas, um grupo de formigas,
Sua tarefa terminou.
A segunda tarefa,
Pela deusa ordenada,
Era colher, dos carneiros,
A sua lã dourada,
Estava na beira do rio,
Quando um junco lhe falou:
-Espere que venham beber,
Nos espinhos, a lã irão fornecer.
Psique esperou,
E a tarefa terminou.
O terceiro trabalho
Que foi, a Psique, exigido,
Era: as negras águas do Rio Estige colher.
Entre a tarefa e o Rio havia um grande penhasco,
Queria a deusa, que a mortal nele se precipitasse.
Porém, uma águia o vaso tomou-lhe das mãos.
E, trazendo o líquido negro, ajudou-a a cumprir a missão.
Não satisfeita, Afrodite ordena,
Que a jovem desça aos infernos
E da Rainha Perséfone,
Traga um pouco de sua beleza.
Pensava que, assim a jovem,
Sucumbiria com certeza.
Mas, Psique foi esperta,
Pagou ao barqueiro Caronte,
Sua passagem para o Hades,
Acalmou o cão Cérbero,
Ofertando-lhe um bolo,
E de Perséfone conseguiu
Uma caixa, com uma porção de beleza.
A vaidade, entretanto,
Causou-lhe certo encanto,
E a caixa ela abriu,
Caindo em profundo sono,
De imediato dormiu.
E seria para sempre,
Que quedaria adormecida,
Não fosse o amado Eros,
Já curado da ferida,
Acordá-la com um beijo,
A batalha, enfim, foi vencida.
E com a permissão de Zeus,
Psique tornou-se imortal.
Eros e Psique casaram no final,
E dessa linda história
Um belo fruto surgiu,
Um que sonho se realizou,
Nasceu Volúpia,
Filha da alma e do amor.
Vólia Loureiro do Amaral é engenheira civil, poetisa e escritora