A política rotulada historicamente como de “esquerda” se fortaleceu desde a célebre reunião da Assembleia Nacional Constituinte francesa, n...

Socialismo, uma questão de bom senso

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A política rotulada historicamente como de “esquerda” se fortaleceu desde a célebre reunião da Assembleia Nacional Constituinte francesa, na Revolução de 1789, sob nobres e irrefutáveis princípios ideológicos e humanísticos.

Embora ambos os lados da reforma se mostrassem contra a exploração e os privilégios das classes dominantes, os jacobinos, que sentaram à esquerda no salão da Assembleia, eram os que realmente lutavam pelos interesses das classes sociais economicamente mais baixas.

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Assim, até hoje, a defesa das igualdades esteve atrelada ao pensamento dito de esquerda.

Nada mais nobre do que se postar pelos direitos do povo, das massas, de populações tão exploradas, mal tratadas e injustiçadas em toda a história do planeta. Ser de esquerda é, porém, um dever de qualquer cidadão digno e sensato.

Mas por que tais princípios se deterioraram ao longo das experiências que tentaram institucionalmente pô-los em prática? Por que a adoção de um regime socialista ou comunista, com ideais tão íntegros e honrosos, foi invariavelmente imposta à base de violência e falta de liberdade?

Há quem diga que povo algum consegue empreender mudanças estruturais em uma sociedade organizada sem derramamento de sangue. Será? E para isso há de se perder a liberdade, submeter-se a ditadores, a governos de uma casta privilegiada entronada em um Estado absoluto? É difícil de se conceber tal situação como saudável e evoluída...

Não se impõe senso de justiça de fora para dentro, pois se trata de virtude que brota da sensibilidade...
Paradoxalmente, os grandes mestres tidos como notáveis “comunistas” ou “socialistas”, a exemplo de Jesus e Gandhi, pregavam a paz e o amor como caminho indispensável às verdadeiras conquistas de liberdade e justiça. Existe quem afirme que Jesus foi um grande revolucionário socialista, pois protestou contra a hipocrisia dos doutores da lei, dos sacerdotes, contra a tirania do poder romano, mas, em nenhum instante sequer, pregou a violência como solução. Muito pelo contrário, afirmava categoricamente que o amor e a solidariedade eram as únicas virtudes capazes de mudar a humanidade.

É lógico se depreender dos ensinamentos dos grandes sábios, filósofos e mestres iluminados que sem a reforma individual, de natureza íntima, de cada ser, é completamente impossível reestruturar qualquer sociedade. Não se impõe senso de justiça de fora para dentro, pois se trata de virtude que brota da sensibilidade, do conhecimento, da sabedoria, da educação, da empatia com a natureza e a condição humana.

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Por isso todas as tentativas históricas até hoje de se implantar um regime comunista, entendido sob a essência do “bem comum”, em prol de uma sociedade mais justa, fracassaram. Justamente porque se utilizaram da violência como meio de consegui-lo, instituindo regimes ditatoriais, e coibindo a mais sagrada condição humana que é a liberdade. Liberdade de pensar, de se expressar, de se manifestar, de ter acesso a qualquer tipo de conhecimento.

Justiça social, comunismo, socialismo, e toda ideologia que encarne propósitos de igualdade de oportunidades só serão legítimos e eficazes quando nascerem da consciência de cada indivíduo. Única e exclusivamente pautada pelo amor, pelo altruísmo fraterno. Só assim teremos um mundo mais justo, solidário e, finalmente, livre de corrupção, desonestidade e hipocrisia.


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música

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  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito bom, claro e muito bem escrito, sensacional valeu Germano.

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  3. Muito bom o seu texto, Germano. Concordo com você: humanismo, sensibilidade social, são sentimentos expontaneos.
    Estranho eu não lido este texto antes. Muito bem escrito.
    Parabens!

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