As rosas nos encantam por sua beleza e por seu perfume. Esquecemos que nelas existem espinhos. Ficamos, inclusive, sem entender o porque deles existirem. O contraste do prazer e da dor. Enquanto oferecem a suavidade e o aroma que a todos nos enchem de alegria, apresentam também o risco de nos ferirmos com seus espinhos. Deus, na sua infinita sabedoria, deve ter criado a rosa com espinhos para nos advertir de que nem sempre tudo que é encantador, deva ser visto sem a percepção das suas fragilidades, dos defeitos, das imperfeições.
Os espinhos das rosas são os ensinamentos que podem vir com a dor. A beleza exterior por vezes nos leva a imaginar que ali está exclusivamente o lado bom da nossa descoberta. Ao encontrarmos a rosa, nossos olhos se deliciam com sua formosura, nosso olfato inspira seu perfume, nosso pensamento imediatamente a associa ao amor. Não é sem razão que os enamorados costumam presentear suas escolhidas na paixão por rosas.
Aprendemos que as rosas precisam ser tratadas com todo o cuidado, porque, do contrário, podemos nos ferir com seus espinhos. Acho até que os espinhos funcionam como protetores das rosas. Por analogia, passamos a entender que nossas almas são como rosas, têm sua beleza expressa nas nossas qualidades e virtudes, mas têm também seus espinhos, manifestados nos nossos defeitos e falhas. Precisamos descobrir nossos espinhos para que não machuquemos quem nos enxerga com a beleza das rosas. Como também é importante que saibamos conviver com os espinhos que descobrimos nas rosas que encontramos nas nossas vidas, as pessoas a quem devotamos amor.
Machado de Assis faz reflexão sobre esse ditado popular, assim se colocando:
“Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas”.
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Rui Leitão é jornalista e escritor