Quando tornei-me escritor profissional tomei um susto ao deparar-me com a palavra Paideuma! Devo explicar que para mim escritor profissional não é necessariamente quem ganha dinheiro com literatura (isso quase ninguém ganha no Brasil), mas quem vive em função do mundo e da vida literária.
Eu contava 22 anos quando entrei nesse mundo. Já escrevia muito, estudava Letras, mas até então era um escritor “amador”, digamos assim. Não convivia no meio de e nem conhecia outros escritores pessoalmente.
Foi que numa roda de amigos escritores, depois que deixei de ser “amador”, tomei um susto quando alguém perguntou:
- Linaldo, qual é o teu Paideuma?
Que diacho era aquilo? - indaguei-me.
Nem meus professores de Literatura tinham me falado dessa palavra esquisita.
Aí resolvi tirar onda e fiz um poemeto que graças aos deuses literários perdi. No poema, ironizava a palavra “Paideuma”, dizendo algo como:
“Pai deu uma
Pai deu duas vezes
uma surra em mim...”
Pai deu duas vezes
uma surra em mim...”
Sim, eu sei que o poemeto é infame e ridículo, mas retratava uma realidade.
Apanhei muito de papai para não ter medo de reconhecê-lo como meu “Paideuma”, se tiver que escolher um.
Com ele aprendi tudo. Com Drummond, Pessoa, Augusto, Cabral aprendi outras coisas.
Mudando de assunto, desde a semana passada a lua tem dormido comigo na cama.
Azul, imponente, iluminada!
Ela chega na hora em que me deito e fica ali aconchegada, num silêncio que barulheia todos os sentidos. Bem igual ao Luar do Sertão, de Catulo.
E nessas horas penso na força das palavras. Que a história foi construída primeiro com palavras, depois veio o registro escrito, daquilo falado ou pregado aos quatro ventos pelos líderes religiosos ou políticos.
Falar neles, os políticos, a palavra de muitos é um risco n'água, já dizia meu pai.
E nesses tempos de campanha, então… Preparemo-nos!
Está chegando o guia eleitoral e com ele os arautos dos novos tempos, que na verdade são os mesmos de sempre: muito discurso, muita promessa e só.
Afora os candidatos que não chamo de folclóricos, porque nosso folclore é tão lindo e não merece tal comparação.
Chamo de bizarros, mesmo!
Linaldo Guedes é mestre em ciências da religião, jornalista e poeta