Outro dia, vi o anúncio de um lindo prédio. Sim, digo lindo porque estava todo iluminado com fachadas imponentes que impressionavam. As janelas de esquadrias de alumínio galvanizado, com vidros por toda parte, pareciam blocos de gelo.
O jardim era ornamentado com cactos e seixos brancos. Tudo muito clean, minimalista, para dar a sensação de amplitude ao espaço. Os apartamentos mais altos eram os mais caros, porque estavam mais próximos do céu. Lembravam gaiolas aéreas.
No hall de entrada, os elevadores pareciam naves espaciais. Não vou mais contar porque já estou me sentindo mal, só de pensar nas alturas.
Fui para o nosso pequeno jardim respirar um pouco de ar puro, com cheiro de terra molhada. Conversei com as flores, às quais agradeço todas as manhãs. Tirei as sandálias e, com os pés na grama, abracei o Flamboyant que plantamos juntos, Carlos e eu. A grande árvore estava toda vestida de vermelho, contrastando com as boas-noites brancas que floresciam por entre a grama. Tudo de graça para nos presentear.
Que maravilha da natureza! Não precisei de elevadores para subir tão alto e desfrutar este céu tão lindo e imenso que estava dentro de mim. Olhei para cima e agradeci a Deus.
Nesse exato momento, ouvi a voz de Carlos: "Lauinha, meu anjo, vamos entrar. Lá dentro também temos o nosso paraíso".
Entramos. Carlos, em seu gabinete, começou a digitar aquela crônica. E eu, em nosso quarto, apanhei meu violino e toquei aquela música!
Alaurinda Padilha Romero é violinista