AGNOSE
Para que remotos anciãos da terra a percebam
A poesia nascerá intraduzível na própria língua
E isto fará dela o que é:
A sombra de sua prosa
A labareda sem o fogo
A tensão antes da forma
A palavra em torno de si
TROCADILHO
A pintura serve concretamente
De repouso à natureza humana
Mas a natureza em repouso (livre
Do fogo) humanamente não serve
À pintura abstrata
OFICINA
Leão é sempre cavernoso
Mas tem a cor do sol
Teria sido forjado
De metais confusos
Quando de uma bola de fogo
A terra ainda não passava
Do que hoje resta do inicial leão
Coração é peça mais antiga
O mais se urdiu em volta
Uma eternidade o depurou
Vindo a ter hoje cauda e juba:
A cauda é um tição
A Juba, resplendor
SON(ET)O
Se pira de sol fustiga sombra
Um jeito de ser definitivo
Ao leão, abriga-se
Na argila
Na cova apenas coração conserva-se
Em fogo macio azul, de álcool
Enquanto o restante leão
Resfria
Suportará a chama
A preguiçosa incontinência
Num acender e apagar silencioso
Aqui e ali se lambe e se monitora:
Viver é gastar inexaurível
Combustão estelar
Para que remotos anciãos da terra a percebam
A poesia nascerá intraduzível na própria língua
E isto fará dela o que é:
A sombra de sua prosa
A labareda sem o fogo
A tensão antes da forma
A palavra em torno de si
TROCADILHO
A pintura serve concretamente
De repouso à natureza humana
Mas a natureza em repouso (livre
Do fogo) humanamente não serve
À pintura abstrata
OFICINA
Leão é sempre cavernoso
Mas tem a cor do sol
Teria sido forjado
De metais confusos
Quando de uma bola de fogo
A terra ainda não passava
Do que hoje resta do inicial leão
Coração é peça mais antiga
O mais se urdiu em volta
Uma eternidade o depurou
Vindo a ter hoje cauda e juba:
A cauda é um tição
A Juba, resplendor
SON(ET)O
Se pira de sol fustiga sombra
Um jeito de ser definitivo
Ao leão, abriga-se
Na argila
Na cova apenas coração conserva-se
Em fogo macio azul, de álcool
Enquanto o restante leão
Resfria
Suportará a chama
A preguiçosa incontinência
Num acender e apagar silencioso
Aqui e ali se lambe e se monitora:
Viver é gastar inexaurível
Combustão estelar
Do inédito Explicações do Fogo – a ser publicado
Alberto Lacet é artista plástico e escritor