“Jesus respondeu: Todo aquele que beber desta água tornara a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede.”
João, cap.IV, v.13
A água que atende às necessidades da nossa organização física tem efeito transitório. Passado esse efeito, o metabolismo exige mais água para assegurar o bom funcionamento do corpo. A sede é a sensação pela qual a organização física reclama a água mantenedora das boas condições do conjunto.
Do encontro de Jesus com a Samaritana, no poço de Jacob, resultou um ensinamento eterno indispensável ao progresso moral da humanidade.
A água do poço de Jacob simbolizava a matéria. A água viva que Jesus ofereceu à mulher Samaritana simbolizava as verdades eternas que alimentam o Espírito, encaminhando-o ao seu verdadeiro destino, que é a perfeição.
Aquele que bebe a água material torna a ter sede. Aquele, porém, que bebe a água viva, representada pela moral ensinada por Jesus, não mais terá sede. Daí se depreende que o Espírito imortal, quando consegue depurar-se, não retornará mais ao corpo, libertando-se assim, das necessidades físicas.
A água viva, da qual fala o Evangelho, é a compreensão dos esplendores das verdades eternas, que iluminam a criatura para que não torne a tropeçar nas estradas perigosas do mundo. Depois da compreensão dessas verdades, o espírito se reabilita; entende sua posição na Terra e no espaço; distingue a verdade da impostura; percebe a grandeza do Cosmo, onde culminam o Bem, o Belo e o Divino; certifica-se verdadeira finalidade da Criação Universal tornando-se, afinal, instrumento dos maiores da espiritualidade, na execução dos superiores desígnios.
A meta do Espírito é a perfeição, que só pode ser conquistada após um período de longo aprendizado, entrecortado de experiências amargas, ingente sacrifícios, sofrimentos redentores, que devem ser suportados sem queixumes.
A água viva está no amor que liga as almas para a felicidade que se perpetua no espaço e no tempo.Não se consegue com facilidade a água espiritual. Ela é produto do triunfo do Espírito sobre a matéria.
O pensamento de Jesus girava sempre em trono das coisas espirituais.
Uma das preocupações do Mestre consiste em distinguir a vida de contingência da vida eterna, a respeito da qual falava, com insistência, no curso do desempenho da sua sublime missão.
“O Espírito é que vivifica a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são Espírito e vida”. Nestas palavras, Jesus exalta as coisas espirituais e rebaixa as coisas materiais.
A vida física é transitória. A vida Espiritual é eterna. A vida física é o meio pelo qual o Espírito penetra no mundo espiritual, após a desintegração do corpo somático. A vida física que não passa de prisão temporária do Espírito deixa de ser normal. Quem está na prisão não pode dizer que goza a vida normal. A organização física e cárcere que priva o Espírito de sua verdadeira liberdade. O retorno ao cárcere fisiológico, por imposição da Lei causal, importa em novo aprisionamento para aquele que não se libertou das impurezas da alma.
A humanidade ainda não encontrou a água viva. No entanto, ela só se oculta para os míopes das coisas espirituais. A água viva está na prática das lições do Evangelho. Está no amor que liga as almas para a felicidade que se perpetua no espaço e no tempo. Está na compreensão da ciência sideral, aliada à espiritualidade superior.
Quando o homem consegue participar da plenitude da espiritualidade santificante transforma-se numa fonte perene que se encaminha para os planos superiores do Universo.
Procuremos, pois, a água viva, como instrumento de salvação, nesta hora decisiva para o destino da humanidade.
A água viva é caminho para a imortalidade triunfante.
José Augusto Romero é cronista e educador espírita (in memoriam)