A cultura midiática é a grande responsável por esse processo de espetacularização que domina nossos tempos. Os veículos de comunicação deixaram de exercer seu papel como prestadores de serviço público, no sentido de educar, assumir a responsabilidade social que lhes cabe, para atuarem na intenção de dar alta visibilidade ao sensacionalismo.
As notícias são apresentadas como show, a privacidade invadida como atração pública, as tragédias do dia a dia divulgadas como espetáculo da vida.
A ênfase da aparência torna-se a principal característica da sociedade contemporânea. Preferimos nos iludir com o fictício, sonhar com o impossível, adotar comportamentos ditados pelo modismo, mesmo que extravagantes ou exóticos. Agir de forma contrária a essa concepção é ser conservador. O que importa é o espetáculo, estejamos no palco ou na plateia.
Estamos perdendo a naturalidade do viver, a autenticidade das atitudes, porque passamos a ser manipulados por uma mídia que desperta a ansiedade de transformarmos nossa vida num espetáculo. O grande problema é que dificilmente conseguiremos nos libertar dessa interferência na nossa visão de vida, seja enquanto protagonistas ou observadores do espetáculo que acontece à nossa volta.
Rui Leitão é jornalista e escritor