Brinca-se de cabra-cega ou de esconde-esconde. A panela não contém bombom. Talvez ou quase certo, esteja vazia. Uma festa ao avesso do povo sacolejado pelos desmandos de um roteiro escuro. Às apalpadelas se procura a saída. Tecnologicamente, os padrões se desenham em mapas e projeções com os frios números, numa lógica de desesperação, dentro de um recinto de paredes negras e chão esburacado. Para onde vamos? Nós e o mundo? Nós e as brasílicas potencialidades apanhadas em botijas rasas? Há riquezas de argumentos e afirmações que correm o risco de serem desmanchadas pela crudelíssima realidade.
Pairam nas ruas os andrajos do sofrimento, detonam focos de morticínio, riscam-se pedras e intocáveis monumentos com linguagem indecifrável, solapam direitos ou modificam tensões capital-trabalho, tudo numa tentativa aflita de conquistar modernos padrões. Sabe-se de inquietudes continentais e mundiais.
Focos de engenhosas peripécias: aperfeiçoamento de instrumentos de destruição. A comunicação entra e sai, chegam novas conexões em aparelhos cada vez mais aperfeiçoados capazes de construir e destruir. O povaréu nada acostumado vagueia em caixas eletrônicos, módulos móveis que ocupam mentes e mãos, capazes de exilarem o relacionamento presencial.
A cultura da imagem torna obsoleta a imaginação usual: o raciocínio midiático refaz ou suprime, quase que totalmente, o exercício mental natural humano. O humanismo em crise: a secularização e o consumismo se apoderam de multidões que se vão marginalizando do processo anterior, qual seja, a prática da sensibilidade, das tradições sagradas, do artesanal como expressão. Uma troca ou inversão de valores com as quais jamais contaríamos, num tempo histórico mais ou menos recente.
Vive-se artificialmente, dentro de modelos ditados pelo modismo transmitido por redes especializadas. Há gotas de desamor em cada isolamento. É terrível constatarmos a realidade iconoclasta. Uma geração de pós-guerra, hoje rotulada de “melhor idade”, fica manietada frente a um tempo sufocante, de inovações nem sempre prodigiosas.
A banda passa em trombones roucos. E o futuro?
José Leite Guerra é bacharel em direito, poeta e cronista