Iniciamos nossas reflexões, a partir da exortação contida na carta do Apóstolo Paulo aos Efésios, 5:14:
“Ó tu, que dormes, desperta e levanta-te entre os mortos, que Cristo te iluminará”.
O Despertar do Espírito, no estágio da consciência de sono, é um longo percurso existencial. Trata-se de um dos estágios da evolução do ser imortal,
caracterizado pelo predomínio dos interesses do ego, movido pelo instinto de conservação, ao atendimento das necessidades primárias, em detrimento da outra realidade, a transpessoal, do “Self”, que representa o Numinoso em nós, o Cristo interno, ainda adormecido.
Não é possível precisar quanto perdura os estágios do despertar da consciência, desde a de sono sem sonhos até o da consciência lúcida, na longa estrada da evolução. Na perspectiva da Lei Divina, coexistem elementos exógenos; porque há um determinismo divino que impulsiona toda a criação para o progresso contínuo. Deus, a Causa primária de todas as coisas, cuida amorosa e sabiamente dos universos e das Suas criaturas, por meio das Leis Naturais, reflexos da Sua essência. Também existem elementos intrínsecos, pois o ser espiritual está programado para ser feliz, sendo ele o próprio “artífice” do seu despertar. Ensina a Veneranda Joanna de Ângelis que “O ser humano está mergulhado no rio da vida e impelido a nadar em direção do porto de segurança”.
Naturalmente, o existir é um desafio psicológico de que ninguém pode evadir-se, e a construção de nossa identidade espiritual harmônica depende do esforço de autoiluminação. Em Mateus 5:48, Jesus orienta a buscar a sentença da evolução: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus”. Compreende-se que se trata da perfeição relativa, possível de atingirmos.
A lei da vida segue seu curso, como os rios correm para o mar. Mais cedo ou mais tarde, nós os “sonolentos”, iremos “levantar e acordar dentre os mortos”, através do verbo do Cristo que, à semelhança de uma trombeta, ressoará nas consciências, fazendo surgir o desejo da iluminação, pois as sombras da ignorância não prevalecerão para sempre no íntimo de cada um de nós.
Marco Granjeiro Lima é educador, mestre em serviço social e presidente da Federação Espírita Paraibana