Cabo Branco e outros mares
trago medos da barreira de cabo branco
saudades de barracas e agueiros
meu pai beliscando uma agulha
o menino que corria nas areias do sol
trago memórias do sal de tambaú
e do imponente hotel, cartão postal da maresia
lembranças do mercado, dos bares, da lua
o menino lambendo os dedos afrodisíacos
trago a solidão escura de manaíra
e o descampado vazio de seu calçadão
cantigas de nada para os pescadores da vida
cantigas de espumas nos pescados dos pratos
trago outros mares que jogam suas ondas em minha lida
bessa, e seus bares da moda
a penha, com seus hábitos populares
o seixas, onde o sol nasce primeiro
jacarapé, onde os corpos morrem primeiro
trago alegrias do cabo branco da infância
e medos, do cabo branco amanhã
trago dores e os banhos de sargaços na alma
trago suas tatuagens, marcando minha pele no azul do mar.
O beijo
o instante que precedeu o beijo
estava cheio de relâmpagos e trovões
coração disparado e muitos senões
querendo botar gosto ruim em meu desejo
o momento em que aconteceu o beijo
não tinha trovões, só nuvens
mas tinhas raios que anunciavam
o sol que brilhava até no Alentejo
o que aconteceu depois não foi lampejo
e não tem dicionário que defina
nada explica porque só essa menina
me deixa sem querer outro beijo.
Amigos
meus amigos guiaram ruas em itinerários
das acácias
alguns estão longe na retina
no sabor de jambo em paralelepípedos vermelhos
de jaguaribe
outros levaram meus pés para jogar
sonhos nas areias de um mar impúbere
àqueles acendiam poemas baseados em motivos surreais
na sala vazia do altiplano,
(temperados com gororobas deliciosas de morrison)
estes, mal chegaram e já saíram
(ficou um ou outro teimando a poesia).
trago medos da barreira de cabo branco
saudades de barracas e agueiros
meu pai beliscando uma agulha
o menino que corria nas areias do sol
trago memórias do sal de tambaú
e do imponente hotel, cartão postal da maresia
lembranças do mercado, dos bares, da lua
o menino lambendo os dedos afrodisíacos
trago a solidão escura de manaíra
e o descampado vazio de seu calçadão
cantigas de nada para os pescadores da vida
cantigas de espumas nos pescados dos pratos
trago outros mares que jogam suas ondas em minha lida
bessa, e seus bares da moda
a penha, com seus hábitos populares
o seixas, onde o sol nasce primeiro
jacarapé, onde os corpos morrem primeiro
trago alegrias do cabo branco da infância
e medos, do cabo branco amanhã
trago dores e os banhos de sargaços na alma
trago suas tatuagens, marcando minha pele no azul do mar.
O beijo
o instante que precedeu o beijo
estava cheio de relâmpagos e trovões
coração disparado e muitos senões
querendo botar gosto ruim em meu desejo
o momento em que aconteceu o beijo
não tinha trovões, só nuvens
mas tinhas raios que anunciavam
o sol que brilhava até no Alentejo
o que aconteceu depois não foi lampejo
e não tem dicionário que defina
nada explica porque só essa menina
me deixa sem querer outro beijo.
Amigos
meus amigos guiaram ruas em itinerários
das acácias
alguns estão longe na retina
no sabor de jambo em paralelepípedos vermelhos
de jaguaribe
outros levaram meus pés para jogar
sonhos nas areias de um mar impúbere
àqueles acendiam poemas baseados em motivos surreais
na sala vazia do altiplano,
(temperados com gororobas deliciosas de morrison)
estes, mal chegaram e já saíram
(ficou um ou outro teimando a poesia).
* (Do livro, ainda inédito, “Cabo Branco e outros lugares que não estão no mapa”)
Linaldo Guedes é mestre em ciências da religião, jornalista e poeta