Onde se esconde o poema?
Seria na inspiração
do poeta concentrado
ou no homem distraído,
sofrido ou desesperado?
Talvez fique, disfarçado,
no canto do passarinho,
ou se esconda, camuflado,
nalgum gesto de carinho.
Quem sabe o poema está
na lágrima que nos veio
e que rolou pelo rosto,
dividindo a face ao meio…
Pode ser que o verso more
num amor que se perdeu
ou numa chuva ligeira,
ou na ilusão que morreu.
Pode esconder-se na onda,
de espumas brancas do mar,
no coração da semente,
que fenece ao germinar,
no interior de alguma rosa
que até o espinho admira,
na orquídea grudada ao galho,
enquanto flora e respira…
Há um poema perfeito
escondido na criança,
ou no zumbido do inseto,
ou quando existe esperança!
Há verso no sol que nasce,
mas não igual ao da lua.
Há poemas que nos chegam
a todo instante, nas ruas,
no mendigo que uma esmola pede
na hora da dor ou na dádiva cristã
que dá amparo ao sofredor…
A poesia se encontra
no cão que faz companhia,
em uma estola de lontra,
no cheiro da maresia…
Onde se esconde o poema?
foi a pergunta inicial.
Ele mora num diadema,
num amor de carnaval,
no abominável racismo,
nas nuvens que guardam chuvas,
na vaidade, no egoísmo,
num belo cacho de uvas.
Para que serve o poeta,
se nele não há poesia,
embora como um asceta,
busque no ar a melodia?
Que fique bastante alerta
para perceber os temas
e depois lhes dê boa forma,
como convém aos poemas.
O poeta tem os olhos
cheios de imaginação,
por isso é que se destaca
no meio da multidão.
Enquanto ele vê na folha,
que despenca e vai ao chão,
um mundo inteiro de vida,
ninguém mais presta atenção.
Rolando no vendaval,
tem um poema guardado,
traz o germe do ancestral
que um dia foi enterrado
para dar frondosa planta,
com flores sombras e fruto:
a semente que morreu
e renasceu num minuto.
Portanto, você poeta,
procure em qualquer lugar,
porque o poema se esconde
onde você procurar;
basta olhar com olhos ternos,
pesquisando o mar da vida,
porque é nas coisas do eterno,
que a poesia está escondida.
Seria na inspiração
do poeta concentrado
ou no homem distraído,
sofrido ou desesperado?
Talvez fique, disfarçado,
no canto do passarinho,
ou se esconda, camuflado,
nalgum gesto de carinho.
Quem sabe o poema está
na lágrima que nos veio
e que rolou pelo rosto,
dividindo a face ao meio…
Pode ser que o verso more
num amor que se perdeu
ou numa chuva ligeira,
ou na ilusão que morreu.
Pode esconder-se na onda,
de espumas brancas do mar,
no coração da semente,
que fenece ao germinar,
no interior de alguma rosa
que até o espinho admira,
na orquídea grudada ao galho,
enquanto flora e respira…
Há um poema perfeito
escondido na criança,
ou no zumbido do inseto,
ou quando existe esperança!
Há verso no sol que nasce,
mas não igual ao da lua.
Há poemas que nos chegam
a todo instante, nas ruas,
no mendigo que uma esmola pede
na hora da dor ou na dádiva cristã
que dá amparo ao sofredor…
A poesia se encontra
no cão que faz companhia,
em uma estola de lontra,
no cheiro da maresia…
Onde se esconde o poema?
foi a pergunta inicial.
Ele mora num diadema,
num amor de carnaval,
no abominável racismo,
nas nuvens que guardam chuvas,
na vaidade, no egoísmo,
num belo cacho de uvas.
Para que serve o poeta,
se nele não há poesia,
embora como um asceta,
busque no ar a melodia?
Que fique bastante alerta
para perceber os temas
e depois lhes dê boa forma,
como convém aos poemas.
O poeta tem os olhos
cheios de imaginação,
por isso é que se destaca
no meio da multidão.
Enquanto ele vê na folha,
que despenca e vai ao chão,
um mundo inteiro de vida,
ninguém mais presta atenção.
Rolando no vendaval,
tem um poema guardado,
traz o germe do ancestral
que um dia foi enterrado
para dar frondosa planta,
com flores sombras e fruto:
a semente que morreu
e renasceu num minuto.
Portanto, você poeta,
procure em qualquer lugar,
porque o poema se esconde
onde você procurar;
basta olhar com olhos ternos,
pesquisando o mar da vida,
porque é nas coisas do eterno,
que a poesia está escondida.
Octávio Caúmo Serrano é jornalista, educador e poeta