Garganta fria
Termômetro da garganta
que ao gole frio esquenta
ao trago, o copo da cerveja
traz corpos em memória
do subsolo da alma
ao largo da mesma cama
atrativa, inquieta
na noite gélida “agostiana”
Ponteiro que despenca
cai na previsão mais desprovida
e se seca a garrafa
reabre a ferida incurada
desempoeira música guardada
assobia bebidas passadas
reencontra no vidro secura
sinuca de mesa rasgada
Temperatura intempera
que faz quadro, constrói beleza
mas endurece, congela
a composição mais sincera
e pula na noite, desafia
prende homens em casas celas
dói o beber na solitária
prisão das próprias misérias
Dependurada
Era roupa, pintura esquecida
arrouba de boi, lembrança perdida
pasto de parede, em cabide exposta
público unitário, sem olhar, sem palma
Era escolha aleatória, uma minuciosa
ou era estática, mesmo torta
E o tempo corrói horas, dias
caia-lhe do cal, folha a folha
as datas, as festas, as férias
no baú da vida passada
Revirar, qualquer coisa
era um fardo, uma náusea
mais fácil seguir sem paradas
juntando dores, punhaladas
Inútil como o armador, sem balançar
sem rede, parede cravada
um apêndice, um apenas.. nada
dependurada, fixa, sem palavra
Reconstrução olfativa
E tinha um perfume
perdido na memória
viagem sem matéria
intocável, impalpável
era o ontem hoje
instantânea volta
recorte, uma cena
reconstrução olfativa
fugaz espectro, some, dorme
dissipa na névoa
no encontro da matina
pelo sol atingida
nova identidade
recompor a figura
concretizar a volta
quase imperfeita
Termômetro da garganta
que ao gole frio esquenta
ao trago, o copo da cerveja
traz corpos em memória
do subsolo da alma
ao largo da mesma cama
atrativa, inquieta
na noite gélida “agostiana”
Ponteiro que despenca
cai na previsão mais desprovida
e se seca a garrafa
reabre a ferida incurada
desempoeira música guardada
assobia bebidas passadas
reencontra no vidro secura
sinuca de mesa rasgada
Temperatura intempera
que faz quadro, constrói beleza
mas endurece, congela
a composição mais sincera
e pula na noite, desafia
prende homens em casas celas
dói o beber na solitária
prisão das próprias misérias
Dependurada
Era roupa, pintura esquecida
arrouba de boi, lembrança perdida
pasto de parede, em cabide exposta
público unitário, sem olhar, sem palma
Era escolha aleatória, uma minuciosa
ou era estática, mesmo torta
E o tempo corrói horas, dias
caia-lhe do cal, folha a folha
as datas, as festas, as férias
no baú da vida passada
Revirar, qualquer coisa
era um fardo, uma náusea
mais fácil seguir sem paradas
juntando dores, punhaladas
Inútil como o armador, sem balançar
sem rede, parede cravada
um apêndice, um apenas.. nada
dependurada, fixa, sem palavra
Reconstrução olfativa
E tinha um perfume
perdido na memória
viagem sem matéria
intocável, impalpável
era o ontem hoje
instantânea volta
recorte, uma cena
reconstrução olfativa
fugaz espectro, some, dorme
dissipa na névoa
no encontro da matina
pelo sol atingida
nova identidade
recompor a figura
concretizar a volta
quase imperfeita
Clóvis Roberto é jornalista e cronista