A cristalização das tecnologias interativas no cotidiano das pessoas pode dar a sensação de riqueza, poder e suposta felicidade. É uma espé...

O ser fluido

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A cristalização das tecnologias interativas no cotidiano das pessoas pode dar a sensação de riqueza, poder e suposta felicidade. É uma espécie de nirvana, sobretudo em países como o Brasil, conhecidos pela valorização exacerbada da diversão. Se a clássica Teoria da Comunicação preleciona que qualquer meio comunicativo se caracteriza pelos atos de informar, formar opinião e divertir, está explicada a valorização do divertimento em nossas plagas. Isso aconteceu com a televisão, por exemplo, que até pouco tempo era classificada como "babá eletrônica".

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Atualmente é incontestável o papel de tais tecnologias na vida, fato que chega a formar uma espécie de teoria da incomunicação, visto que poucos dialogam, pois preferem o fascínio do WhatsApp, do Instagram ou do Facebook, exemplificando outra vez.

Tenho a impressão de que, no Brasil, esse deslumbramento pelas tecnologias interativas é mais um processo de alienação na formação de um ser fluido amorfo, acrítico, sugestionável e, por isso mesmo, manipulável. Diferentemente do que constatamos na realidade brasileira, em países como a Coreia do Sul tais instrumentos tecnológicos são complementares no processo educativo, e jamais determinantes. Aqui tornou-se vício, ao ponto de, até nas universidades, impedir o professor de ministrar aula, pois muito optam pelo zap, no lugar de prestar atenção no conteúdo exposto. Sabiam que já existem grupos de mútua ajuda, feito Alcoólicos Anônimos, para viciados em internet? Onde surgiram? No Brasil, é claro!

Há décadas vem se propalando que o professor, a exemplo de outros profissionais que desapareceram com a automação tecnológica, é uma classe em extinção. A pandemia tem mostrado o contrário. Aulas online não dão o resultado esperado quanto as ministradas com a presença física e o carinho do mestre abnegado.

É que, sem a presença do professor, inexiste o espaço mental para o desenvolvimento psicológico do ser. O contato dialógico, presencial, humano é tão importante que, na primeira frase do Gênesis, tem-se que "no início era o verbo". Como um ser humano pode amadurecer emocionalmente sem dialogar até numa refeição com a família? Muitos fazem que se alimentam, sem se desprenderem dos celulares. Observem os restaurantes!

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A imediaticidade fluida da ilusória dialogia das redes, impessoais e frias, tem revelado que ninguém sobrevive fazendo da vida um simulacro. Podemos idealizar ou mentir sobre nós mesmos na vã ilusão de que enganaremos os outros. Isso é muito fácil, pois os que usam do mesmo expediente fazem que acreditam. Quero ver é a pessoa enganar a si próprio. Deus tá vendo! É verdade, mas justifique a si mesmo!

Daí o fatalismo redutor e paralisante expresso em doenças como depressão, síndrome de pânico e ansiedade mostrando que o verdadeiro encontro é consigo mesmo, a fim de perceber que a vida é um apelo eloquente à harmonia e à felicidade (que não pode ser associada a um eterno clima de boate). Como dizia o saudoso Ariano Suassuna: - A vida é um califom, meta os peitos!


Josinaldo Malaquias é pós-doutor em direito, doutor em sociologia e jornalista

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  1. Muito obrigado pelas gentis palavras, nobre Tânia Brito.
    Muitíssimo obrigado, nobre e bela Alaurinda.
    Querido e nobre Eudes Rocha, seu comentário deixa-me muito lisonjeado.

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