Língua
Nem prestamos atenção.
Verbos difíceis de conjugar...
Decidir é um deles, Amar, nem me fale!
Facilmente nos perdemos nos tempos,
Nos modos, nas pessoas.
Adjetivos nos enredam, advérbios nos traem.
Palavras têm sortilégios.
Algumas mais simples.
Outras, dissimuladas, exibidas.
Mas dependemos delas para dizer do conhecido.
As trilhas por que passei
Eram quase todas esdrúxulas, proparoxítonas.
Poema Bêbado
Penso no teu coração
Nas tuas ruas não percorridas
Teus bares sem boêmios
Tuas canções sem ouvidos
Teus becos interditados
Às surpresas de encontros
Tuas manhãs sem trepidações
De silêncios eloquentes
Sem chamadas que te desviem
De cada ato, de cada voto
De cada linha de vida pré-traçada
E sinto que te amo mais, cada vez mais
Nesses desvãos que desconheço
Mas descubro escondidos
No espanto noturno de tua íris.
Quase toda manhã
Esfacelamento...
Nenhum visitante chega à ermida!
Esquiva luz espia o instante de carvão.
Rios de palavras derramam-se
Aos pedaços, esquivas também.
Faces carentes de clareza
Pálidas no tempo turvo
Congelado na janela.
O sol não nasce sobre lembranças de vidro.
A cor da saudade
Tentei sentir a saudade roxa
Em outra cor menos atrevida
Faltou vida.
Tentei voltar à contemplação
Desativar a bomba escondida
Ilusão!
Todos os métodos inadequados!
Um coração ansioso
É campo minado...
Nem prestamos atenção.
Verbos difíceis de conjugar...
Decidir é um deles, Amar, nem me fale!
Facilmente nos perdemos nos tempos,
Nos modos, nas pessoas.
Adjetivos nos enredam, advérbios nos traem.
Palavras têm sortilégios.
Algumas mais simples.
Outras, dissimuladas, exibidas.
Mas dependemos delas para dizer do conhecido.
As trilhas por que passei
Eram quase todas esdrúxulas, proparoxítonas.
Poema Bêbado
Penso no teu coração
Nas tuas ruas não percorridas
Teus bares sem boêmios
Tuas canções sem ouvidos
Teus becos interditados
Às surpresas de encontros
Tuas manhãs sem trepidações
De silêncios eloquentes
Sem chamadas que te desviem
De cada ato, de cada voto
De cada linha de vida pré-traçada
E sinto que te amo mais, cada vez mais
Nesses desvãos que desconheço
Mas descubro escondidos
No espanto noturno de tua íris.
Quase toda manhã
Esfacelamento...
Nenhum visitante chega à ermida!
Esquiva luz espia o instante de carvão.
Rios de palavras derramam-se
Aos pedaços, esquivas também.
Faces carentes de clareza
Pálidas no tempo turvo
Congelado na janela.
O sol não nasce sobre lembranças de vidro.
A cor da saudade
Tentei sentir a saudade roxa
Em outra cor menos atrevida
Faltou vida.
Tentei voltar à contemplação
Desativar a bomba escondida
Ilusão!
Todos os métodos inadequados!
Um coração ansioso
É campo minado...
Milfa Valério é professora e poetisa