Quando criança, costumava assistir a filmes sobre a paixão de Cristo, com meu pai, mãe e irmãos, na Semana Santa. Lembro que, bem pequena, ouvia a história pelo rádio no terraço de casa. Reuníamos a família e os vizinhos e todos se deleitavam com aquela intensa demonstração de amor.
Passei pela adolescência, juventude... estou agora nos tempos da maturidade... e não perdi a emoção de assistir aquela entrega por amor ao próximo. Creio que já vi todos as produções da Paixão, entre eles: o sensorial "Jesus de Nazaré" (1977), de Franco Zefirelli; o malicioso “A Última Tentação de Cristo" (1988), de Martin Scorsese; e o sanguinolento “A Paixão de Cristo" (2004), de Mel Gibson.
Essa passagem bíblica, para mim particularmente, é o espetáculo mais sofrido, mais didático, mais inspirador da existência humana. O sofrimento da mãe acompanhando todos os momentos de tortura e dor do filho, sem nada poder fazer até vê-lo dar o último suspiro e abraçar seu corpo inerte, é uma lição inesquecível.
O Mestre Jesus é tão inspirador que homens e mulheres seguiram seu exemplo e, para aliviar os sofrimentos de outros, doaram suas vidas. São seres que, como Ele, vestiram-se de gentileza e paciência para servir. Sofreram e também viveram para o bem da humanidade.
Esses irmãos, como Cristo, conseguiram que incrédulos pensassem na existência de uma força maior. Acolheram os aflitos, os doentes, os desconsolados. Abriram mão de suas vidas pessoais em função de uma missão com a qual se comprometeram. Não sofreram tanto quanto Jesus, mas quem pode dizer que não sofreram, mesmo que abnegados, com o destino escolhido?
Assumir a responsabilidade pelo que se deseja também dói. Apesar de serem vistos como anjos, eram humanos, demasiadamente humanos. Não foram crucificados, mas pode-se dizer que diluíram o sofrimento ao longo de suas vidas caridosas.
Se procurarmos conhecer a vida desses seres iluminados, saberemos que foram crianças, jovens, adultos e idosos que escolheram seguir Jesus radicalmente. Impossível não enxergar as lições do Mestre em suas ações e reações. Quem são? Posso citar três que considero verdadeiros exemplos: Madre Teresa de Calcutá, Papa João Paulo II e Chico Xavier. Algumas considerações publicadas sobre eles:
Madre Teresa
Ela é uma das maiores figuras do século XX, reconhecida pelo compromisso com os mais pobres entre os pobres.
O rosto da religiosa albanesa, fundadora das Missionárias da Caridade e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979, é mundialmente conhecido.
Agnes – o seu nome de origem, antes da profissão religiosa – saiu de casa aos 18 anos para estudar inglês em Rathfarnham, na Irlanda. Lá, ingressou na congregação das irmãs de Nossa Senhora de Loreto, e nunca mais viu sua mãe, Dranafile, e sua irmã, mesmo tendo vivido até os 87 anos.
O rosto da religiosa albanesa, fundadora das Missionárias da Caridade e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979, é mundialmente conhecido.
Agnes – o seu nome de origem, antes da profissão religiosa – saiu de casa aos 18 anos para estudar inglês em Rathfarnham, na Irlanda. Lá, ingressou na congregação das irmãs de Nossa Senhora de Loreto, e nunca mais viu sua mãe, Dranafile, e sua irmã, mesmo tendo vivido até os 87 anos.
João Paulo II
Sua mãe faleceu quando ele tinha 9 anos. Aos 21 anos, com o falecimento de seu pai, ficou sozinho no mundo.
A sua espiritualidade mariana levou-o a uma vida inteiramente dedicada a Deus, principalmente nos seus mais de 25 anos de pontificado, um dos mais longos da história da Igreja.
Olhando para a vida de João Paulo II, canonizado pela Igreja, podemos observar as virtudes que dele fizeram um dos Papos mais extraordinários e que o elevou à glória dos altares.
A sua espiritualidade mariana levou-o a uma vida inteiramente dedicada a Deus, principalmente nos seus mais de 25 anos de pontificado, um dos mais longos da história da Igreja.
Olhando para a vida de João Paulo II, canonizado pela Igreja, podemos observar as virtudes que dele fizeram um dos Papos mais extraordinários e que o elevou à glória dos altares.
Chico Xavier
Apesar do seu lado angelical, Chico Xavier era humano. Mais humano impossível.
Sentiu — como contara — medo da morte, mesmo rindo depois do seu pavor.
Comprou e usou uma peruca, muito estranha, por sinal.
Sofreu a incompreensão de todos de sua família, do pai, dos irmãos, da cidade onde vivia, principalmente do clero. Chorou, como criança, a morte de pessoas queridas.
Conviveu, em seu trabalho e na sociedade, com pessoas que não entendiam seus atos nem suas palavras, o que lhe exigia uma cota extra de paciência e disciplina.
Sofreu a incompreensão de todos de sua família, do pai, dos irmãos, da cidade onde vivia, principalmente do clero. Chorou, como criança, a morte de pessoas queridas.
Conviveu, em seu trabalho e na sociedade, com pessoas que não entendiam seus atos nem suas palavras, o que lhe exigia uma cota extra de paciência e disciplina.
Diante de tudo que já li sobre eles, posso afirmar que viveram verdadeiramente a paixão pelo Cristo.
Ana Paula Cavalcanti Ramalho é psicanalista e escritora