Sempre tive o hábito de acalentar a madrugada. Como durmo muito cedo, geralmente acordo por volta das 4 da matina.
Desde que começou esse confinamento, no entanto, vejo que tenho muitas companhias. Acordo, fico bolando na cama, mexo no celular e encontro um monte de gente online, fazendo postagens, curtindo, comentando.
Na verdade, estamos como zumbis nesse pandemônio que vivemos. Muita tensão e inquietação para conseguir dormir com leveza.
Como se não bastasse o confinamento, ainda vêm as notícias de morte, as doenças na família. Como diria Gullar, estamos com o corpo riscado de hematomas. Mas sempre existe a cura. E quando ela chegar, a madrugada é que nos acalentará.
2020 é praticamente um ano perdido. Tudo sendo adiado para as calendas gregas. Quando não, cancelado.
Não há perspectiva de mudança. O pico sempre fica para o mês seguinte, já que não se tem a cura e o vírus está no ar.
E há outros vírus que estão no ar, mas desses é melhor nem falar.
O certo é que a vida está suspensa e não somos os que se equilibram em cima do arame. Nós somos o arame.
Cuidemos um do outro e aguardemos!
Uma hora isso tudo passa.
Linaldo Guedes é mestre em ciências da religião, jornalista e poeta