Como era mesmo o título: “Recados da Província”? As letras meio góticas, desenhadas certamente por Elcir Dias, encimavam a crônica que mais me fazia inveja na imprensa local.
Havia outros cronistas, entre eles Juarez Batista, nenhum que revelasse mais felicidade com os prodígios da terra.
Quem o havia influenciado? Nesses anos, a leitura de todos, facilitada pela venda em massa da coleção completa, era a crônica de Humberto de Campos.
Mas Humberto de Campos sempre terminava triste, fazia mais chorar do que entreter ou alegrar os espíritos. Sem dúvida, Braga, Rubem Braga, com seu apego à singeleza, à poesia do cotidiano; mas, como já disseram, o franciscanismo do nosso cronista maior é pagão. E sempre termina travoso, como Machado.
Enquanto Carlos Romero não estraga nada o que vê ou o que lhe passa na alma. E grato aos céus, a Deus, a todos que favorecem este sol, esta brisa, esta folhagem e estes sons cantados e soprados como o panteísta dos nossos mimos naturais, o passante em permanente idílio com a paisagem.
Passa ele, vai passando em anos, como ocorre em seu aniversário de hoje, mas o olhar não passa. Nem os sóis, nem as luas, nem as criaturas vegetais ou humanas que a crônica vem fixando nesse meio século de celebração.
O Estado está investindo com disposição na promoção das nossas potencialidades turísticas. Está apelando para os veículos de grande impacto como a TV. Mas no dia em que pretender iluminar o visitante pelo foco íntimo da leitura, pelo livro de cabeceira, reúna esse painel de Azorin, esses primores do vulgar dispersos em dezenas de crônicas da nossa melhor propaganda.
Gonzaga Rodrigues é escritor e membro da APL