Rabiscos de junho
Lápis de traço torto é junho
desenha nuvens, chuvas, rios
em pretos, brancos, invernos
na curva perdida de um rosto
rabisca reflexos entre fogos
embaça olhos, sons e cheiros
numa noite, um encontro
para-brisa, moldura de vidro
apara gotículas de sorrisos
transporta na mão ágil
suaves dedos, contornos
abro a porta, pauso, danço, silencio
De junho
Da primeira gota de junho
nova estação é anúncio
em horas, 'agoras'
noites que por mil fogos se alumia
chega festivo junino
traz para me aquecer, o frio
de chuva na terra em chamas
em fim de tarde me acenda a fogueira
respiro cheiro de junho
que respinga brasa em olhos
cada história, livro aberto... páginas
trinta dias do que será escrito
A canoa
Descansa a canoa deitada na areia
das ondas quebradas
a sal cheira na colcha branca
isca, anzol, tarrafa
ali, parada, aguarda nova pesca
onda madrugada, tua chamada
e desliza até a espuma
luta da madeira, areia, água
equilibrista forte e líquida
no arame das vagas
risca com remos, braçadas
segue estrada, balança ao mar abraçada
Tempo relojoeiro
Eis que já é hoje, antes futuro
do amanhã que era aguardo
e do ontem, foi momento
do imperceptível e imparável avanço
fatídico encontro, desencontro
no descontrole, um instante, ponteiros
Na corda o impulso, o novo giro
magia em forma de mecanismo
suíço, talvez, do sol egípcio
E há perdão para o atraso
que insiste em avisar, mesmo quebrado
conserte o tempo, seu relojoeiro
Lápis de traço torto é junho
desenha nuvens, chuvas, rios
em pretos, brancos, invernos
na curva perdida de um rosto
rabisca reflexos entre fogos
embaça olhos, sons e cheiros
numa noite, um encontro
para-brisa, moldura de vidro
apara gotículas de sorrisos
transporta na mão ágil
suaves dedos, contornos
abro a porta, pauso, danço, silencio
De junho
Da primeira gota de junho
nova estação é anúncio
em horas, 'agoras'
noites que por mil fogos se alumia
chega festivo junino
traz para me aquecer, o frio
de chuva na terra em chamas
em fim de tarde me acenda a fogueira
respiro cheiro de junho
que respinga brasa em olhos
cada história, livro aberto... páginas
trinta dias do que será escrito
A canoa
Descansa a canoa deitada na areia
das ondas quebradas
a sal cheira na colcha branca
isca, anzol, tarrafa
ali, parada, aguarda nova pesca
onda madrugada, tua chamada
e desliza até a espuma
luta da madeira, areia, água
equilibrista forte e líquida
no arame das vagas
risca com remos, braçadas
segue estrada, balança ao mar abraçada
Tempo relojoeiro
Eis que já é hoje, antes futuro
do amanhã que era aguardo
e do ontem, foi momento
do imperceptível e imparável avanço
fatídico encontro, desencontro
no descontrole, um instante, ponteiros
Na corda o impulso, o novo giro
magia em forma de mecanismo
suíço, talvez, do sol egípcio
E há perdão para o atraso
que insiste em avisar, mesmo quebrado
conserte o tempo, seu relojoeiro
Clóvis Roberto é jornalista e cronista