Encantam-me muito os artigos escritos por Germano Romero sobre Música. Germano é pianista, virtuoso, e ensinou música a várias gerações. Sou aficionado por tal propriedade do espírito que, através da combinação de sons, transcende os limites físicos e limitados da condição humana.
Uma leitura rápida de Pitágoras e conhecimentos elementares da Sequência de Fibonacci revelam que a Música é regida por uma razão áurea que ultrapassa os padrões de acordes que agradam e enternecem o espírito humano. Daí a dificuldade de se definir a Música em termos práticos, de forma mecânica, assim como não é fácil definir o amor ou o gosto por chocolate.
Essa razão áurea, por exemplo, mostra a aplicação da Sequência de Fibonacci em compositores da magnitude de Beethoven, Mozart, Bach e Béla Bartók. Não é por acaso que a Música promove equilíbrio físico e emocional, fato percebido por Platão e discípulos de Pitágoras, que passaramm a postular a existência de uma sinfonia cósmica do universo, haja vista que tudo é harmonia.
Em tudo, desde o corpo humano – um microuniverso –, ao cosmo, existem harmonia e equilíbrio, fato constatado por defensores da Física Quântica, a exemplo de Max Planck, Niels Bohr e Werner Heisenberg. É que, de acordo com estes cientistas, o invisível é mais real do que o visível, esfera que reduz o real ao concreto. Sobre a Harmonia do Universo, Einstein arremata que “Creio no Deus que se revela na harmonia ordenada do universo, e que a inteligência está manifesta em toda a natureza”.
Pitágoras, Galileu, Copérnico, Kepler e Newton percebiam o que se denomina música celestial do universo a partir dos sons emitidos pelos nove planetas que compõem a nosso sistema solar. Baseados nessa constatação, desenvolveram teoremas que facilitam a compreensão da harmonia do universo. Atualmente, com o desenvolvimento da informática, esses sons podem ser sintetizados pelo computador.
O problema é que muita gente reduz a Matemática apenas ao cálculo, ou seja, à Aritmética. A divisão entre notas e compassos na Música mostra que o número não é pura abstração, mas a essência da vida, do mundo e do cosmo.
É por isso que não percebo o músico apenas como a pessoa que tem a habilidade de tocar um instrumento. Constato ser uma pessoa especial. Os militares músicos, por exemplo, são sensíveis e têm melhor capacidade de diálogo quando são destacados para entrar em conflitos.
Sou defensor ferrenho de que toda criança em idade escolar deveria estudar Música, pois tal aprendizagem dá mais concentração e foco nas atividades, sobretudo numa época caracterizada pela dispersão. Igualmente favorece, de maneira intuitiva, a aprendizagem da Matemática, além de desenvolver os dons da sensibilidade.
É que Música é harmonia, harmonia espiritual, da alma; e harmonia corporal, do corpo, nas dimensões física, mental e emocional.
Josinaldo Malaquias é doutor em sociologia e jornalista