Quando Gonzaga Rodrigues recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” da UFPB foi, sem dúvida, o grande acontecimento do ano. Por motivo superior à minha vontade, não pude estar presente à solenidade da entrega do valoroso título ao estimado conterrâneo.
Mas fiquei imaginando-o no momento de receber a comenda, com aquela cara de quem está sorrindo mais por dentro do que por fora, aquele jeitão todo seu, de homem bom, simples, que tem levado toda a vida fazendo crônicas, a sua maior especialidade. Cronista que nada deve aos badalados escritores do sul.
Por conta de seus bem vividos oitenta e tantos anos, do muito que fez e faz por nossa cultura, ele já foi alvo de merecidas homenagens. Uma delas foi prestada por "A União" nas comemorações dos 120 anos do venerável jornal a serviço da comunidade paraibana.
E lá estava o nosso cronista-mor vibrando de alegria e entusiasmo como se estivesse mangando das suas oitenta primaveras. Aliás, Gonzaga, no seu sorriso parece até chorar de permanente emoção.
O mestre da crônica, que aprendeu jornalismo sem ninguém ensinar, é um homem de alma escancarada, jamais se fechando. Assim como eu, ele nasceu em Alagoa Nova, respirando o mesmo ar que respirei. Ar puro daquele “sítio de mangueiras”, como diria o poeta Eudes Barros.
Gonzaga está velho?
Claro que não!!! Não envelhece quem nunca perde o entusiasmo pela vida, quem está com a cabeça cheia de ideias, quem sabe fazer amigos, quem tem uma família bonita... com que o cronista soube transformar o lar num paraíso.
Vamos, Gonzaga, vamos cheirar a vida como cheiraste aquela flor da foto que documentou outra homenagem a ti tão merecida, na capa do “Correio das Artes” de junho de 2013, nos teus exatos oitenta anos.
Que continues a dar este sorriso de quem está em paz com a vida, com a consciência sem remorsos, de quem não esqueceu a responsabilidade de viver.
* crônica escrita em junho de 2013
Carlos Romero é cronista e patrono do ALCR