Adorava, e ainda adoro, esta época de São João! Amo pamonha, milho e bolo. E a música? O vozeirão de Luiz Gonzaga e de tantos mestres do forró (especialmente dos músicos de pé-de-serra), me deixam louquinha, com vontade de rodar muito no salão.
Mas, tenho que confessar: sou extremamente tímida! Não sei dançar!
Na realidade, a única vez em que inventei de dançar numa festa junina, larguei o par e saí correndo! Ainda lembro a cara de espanto do garoto. Todo pronto e de chapéu de palha, segurando a mão de uma matutinha toda arrumadinha. Mas, de repente, quando olhou de lado, ele se viu sozinho.
Pense num mico! Creio que nunca fui perdoada... Era apenas uma menina boba, de 8 anos.
Já nos tempos de adolescente, nos "ranchos" que frequentei, estava mais tarimbada! Jamais pensei na possibilidade de repetir aquele papelão! Ia a todos os ensaios, participava da festa do Santo na casa de dona Zélia, mas me divertia somente ouvindo o som do xote, xaxado e baião.
Tudo me maravilhava... O coração batia forte, com a destreza dos casais (os bons entendidos, entenderão), que iam no compasso do alavantu, anarriê e davam um show à parte na quadrilha.
Os passos, de tão perfeitos, iluminavam a noite e os olhos dos espectadores.
Queria ser mais audaciosa! Infelizmente, continuava tímida e, agora, era extremamente perfeccionista. Bobagens, que me impediam de me jogar, de cabeça e corpo, no ritmo contagiante da música e na dança junina.
O São João me traz uma saudosa e imensa alegria. Uma época que é danada de boa! Este ano, a ordem é não cochilar nos cuidados e fugir da folia! O som, no entanto, vai tocar bem alto! Na vitrola de casa... e na minha memória afetiva!
Thamara Duarte é mestre em direitos humanos, ambientalista, e jornalista