Quando Zélia começou a namorar Jorge, a mãe dela disse que ele era um homem muito preparado, e que ela não estava à altura dele. Zélia cont...

Lado a lado e de mãos dadas

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Quando Zélia começou a namorar Jorge, a mãe dela disse que ele era um homem muito preparado, e que ela não estava à altura dele. Zélia contou a Jorge, que quis conhecer a futura sogra. Depois de um bom papo, Jorge perguntou a ela se ele merecia Zélia.

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Jorge Amado
A autora de “Anarquistas, graças a Deus” contava essa história com muita graça, e, creio eu, orgulho também, afinal, qual mulher não ficaria envaidecida por tamanho elogio do seu namorado, que era, nada menos, que o grande escritor Jorge Amado, já renomado na época.

Imagino a sensação de estima que Zélia deve ter sentido por si mesma. O coração palpitando, as expectativas. Era 1945. Jorge já tinha lançado vários livros, e nesse ano foi o deputado mais votado por São Paulo e membro da Assembléia Nacional Constituinte, autor da lei de liberdade de culto religioso.

Num dos primeiros encontros Jorge chamou-a para jantar com um amigo. Era Pablo Neruda. Na volta, encheu o táxi com cravos vermelhos para ela. Numa crônica na Folha da Manhã, escreveu: “Te darei meu saveiro, para nele passeares, cantarei para teu sono sossegar. Te darei meu corpo para o afogares”.

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Zélia Gattai
Ao lado de Jorge, Zélia Gattai virou fotógrafa, registrando os momentos do marido. Aos 63 anos, escritora. Publicou onze livros, entre eles, “Um chapéu para a viagem”, como testemunha da fascinante vida política e literária dele, e “Jonas e a Sereia”, escrito em versos, que exclama que “ Para quem ama de verdade, o impossível não há”.

“Jorge deu-me a mão e conduziu-me por mundos os mais distantes, os mais estranhos, os mais fantásticos”, escreveu ela. Eles moraram em São Paulo, no Rio, em Paris, em Praga, e, finalmente, em Salvador, na casa do Rio Vermelho, frequentada pelos nomes mais fascinantes da intelectualidade brasileira e mundial.

Certa vez alguém disse a Jorge: “Atrás de todo grande homem existe uma grande mulher”. Ele logo replicou: “Zélia nunca esteve atrás de mim. Esteve ao meu lado, e de mãos dadas”.


Rosa Aguiar é mestre em comunicação e jornalista

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