O espetáculo é contínuo. Sempre há uma luz diferente, um mar rejuvenescido, uma poesia que voa com a paisagem. Rimas nas palhas dos coqueiros, raios que tocam e acariciam com tons dourados a barreira tão sofrida pela dança das marés e dos ventos e pelas agressões dos homens, o verde que surge e resiste ainda como um lençol de abrigo por trás do concreto represado graças à lei inteligente. Dos mais belos recantos de João Pessoa, a praia do Cabo Branco é um presente para cada morador e visitante da cidade.

No fim de tarde, no trecho próximo à subida para a Ponta do Seixas, o por do Sol cria novas fantasias de luzes. Tons de azuis e amarelos do encontro dia/noite se entrelaçam aos verdes escuros do mar e brancos da espuma das ondas que quebram com força em um canto estridente junto à mureta durante as marés mais altas. E por ali mesmo durante o dia com a maré baixa que as águas recuam e permitem que as pedras cravejadas de conchas formem pequenas piscinas e grandes telas, ofertam uma caminhada para pequenos bancos de areias ilhados pelas formações rochosas.
E se é Lua cheia, um novo quadro é pintado naquele trecho de mundo. A bola branca/amarelada a elevar-se da linha sólida do horizonte nas águas do Atlântico Sul.

Mas, voltemos ao belo cenário urbano. Mesmo em dias de chuvas, quando está desértica, a praia do Cabo Branco é pura poesia. Lugar que atrai apaixonados. José Américo de Almeida a escolheu com uma morada estratégica onde podia se deleitar com o mar e uma visão privilegiada. E o escriba Ascendino Leite, sentado numa cadeira de balanço na areia, a observar e ouvir o diálogo das águas com a areia? E o que dizer das múltiplas visões da barreira através das saudosas pinceladas de Hermano José? Enamorados pela sua beleza.
E a cada reencontro com o Cabo Branco um sorriso, um olhar de admiração, um rever-se de outras épocas.
Clóvis Roberto é jornalista e cronista